Rendimento de trabalhadores por aplicativo cai 4,2% em 2024
Os trabalhadores que atuam por meio de aplicativos em 2024 tiveram rendimento médio mensal de R$ 2.996, valor 4,2% superior ao de quem não trabalha com plataformas, que é R$ 2.875, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. Contudo, essa diferença, antes de superior, diminuiu em relação a 2022, quando o rendimento dos trabalhadores por plataformas era 9,4% maior do que o dos demais ocupados.
Maior trabalho, menor valor por hora
O levantamento mostra que, embora os trabalhadores por aplicativos tenham uma renda mais elevada, eles trabalham mais horas por semana: média de 44,8 horas contra 39,3 horas dos não plataformizados, em 2024. Como consequência, esses trabalhadores recebem R$ 15,4 por hora, 8,3% menos que os não plataformizados, que ganham R$ 16,8/hora.
Ou seja, quem atua por aplicativos precisa trabalhar mais para superar os rendimentos dos trabalhadores tradicionais.
O perfil dos trabalhadores por aplicativos
Dados coletados do IBGE indicam que, na segunda edição da pesquisa, há 1,7 milhão de pessoas que trabalham atuando em aplicativos de táxi, transporte privado, entregas ou prestação de serviços profissionais, como designers, tradutores e profissionais de telemedicina. Entre esses, 1,2 milhão (71,7%) atuam na informalidade, e mais de 60% não contribuem para a previdência social.
Fatores relacionados à escolaridade
A pesquisa revela que, com escolaridade abaixo do nível superior, o rendimento dos trabalhadores por plataformas supera o de não plataformizados, chegando a 50% a mais que a média nacional. No entanto, quem possui Ensino Superior, ganha mais se não atuar por aplicativos, recebendo cerca de R$ 6.072 mensais contra R$ 4.263 dos plataformizados.
Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, essa diferença pode refletir que muitos profissionais formados, como engenheiros, recorrem aos aplicativos por dificuldade de encontrar vagas na sua área de formação, mas não alcançam o mesmo rendimento esperado.
Condicionantes da informalidade
O estudo aponta que os trabalhadores por plataformas enfrentam maior informalidade: 71,7% deles não contribuem para a previdência, frente a 61,9% dos não plataformizados. Além disso, 43,8% desses trabalhadores estão na informalidade, incluindo os que atuam sem carteira assinada ou CNPJ.
Motoristas por aplicativo: maior rendimento, mais horas
Em 2024, o Brasil tinha cerca de 824 mil motoristas de aplicativos, com rendimento médio de R$ 2.766, acima dos R$ 2.425 dos motoristas não plataformas. Eles trabalham cinco horas a mais por semana (45,9 horas), trabalhando a R$ 13,9 por hora, quase o mesmo que os motoristas tradicionais que atuam formalmente, que recebem R$ 14,7/hora.
Os motoristas de aplicativos apresentaram maior informalidade (83,6%) e menor contribuição previdenciária (25,7%), comparados aos motoristas não plataformas.
Motociclistas e novas dinâmicas de mercado
Entre os motociclistas, 33,5% trabalham por aplicativos, número que cresceu significativamente em relação a 2022 (21,9%). Seu rendimento mensal é de R$ 2.119, 28,2% maior que os não plataformas, e eles trabalham, em média, 45,2 horas por semana. A informalidade entre esses profissionais chega a 84,3% para os plataformas.
Discussões sobre vínculo empregatício
Representantes de categorias de trabalhadores por aplicativos reivindicam o reconhecimento de vínculo empregatício, enquanto as empresas discordam, levando o tema ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Edson Fachin informou que a votação deve ser retomada no início de novembro, após proposta da Procuradoria-Geral da República (PGR) para não reconhecer o vínculo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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