Justiça decreta falência da Vier, tradicional indústria de erva-mate do RS

A Justiça do Rio Grande do Sul decretou a falência da Vier Indústria e Comércio do Mate Ltda., uma das mais tradicionais empresas do setor ervateiro do Estado. A decisão foi tomada na semana passada pelo juiz Eduardo Sávio Busanello, da Vara Regional Empresarial da comarca de Santa Rosa.

Crise financeira e fatores internos levam ao encerramento

O processo teve início em outubro, após a própria empresa solicitar a autofalência. Em sua petição, a direção alegou que a crise financeira era irreversível, agravada por mudanças estruturais no setor e dificuldades acumuladas ao longo da última década.

Segundo o advogado Altair Luís Maciel de Godoy, representante da empresa, a mecanização agrícola reduziu a quantidade de ervais na região noroeste do Rio Grande do Sul, aumentando os custos de matéria-prima e transporte. Além disso, um incêndio em 2012 e conflitos familiares após o falecimento do sócio majoritário, Oscar Ignacio Buttenbender, em 2020, agravaram a situação.

A indústria encerrou suas atividades oficialmente em setembro do ano passado, permanecendo apenas com uma filial inativa no Paraná, em São Mateus do Sul.

Dados financeiros e decisão judicial

A empresa declarou possuir um passivo de R$ 49,7 milhões e um ativo estimado em R$ 11,8 milhões, formado por imóveis, veículos e marcas registradas. A sentença reforçou que “está caracterizado o estado falimentar” devido aos resultados negativos nos últimos três anos e ao comprometimento do patrimônio com dívidas.

Os balanços anexados ao processo confirmam a inviabilidade de manter as operações. O juiz também negou o pedido de gratuidade judiciária formulado pela Vier, destacando que a receita proveniente da cessão da marca “Vier” à Ervateira Rei Verde Ltda., que paga 3% da receita líquida, e o aluguel da filial paranaense, atualmente arrendada à Maracanã Indústria e Comércio de Erva-Mate, com valores entre R$ 2 mil e R$ 4 mil mensais, garantem certo fluxo de recursos.

Medidas e administração na falência

A sentença suspendeu o leilão de um imóvel da empresa para evitar possíveis prejuízos aos credores e determinou a lacração imediata da sede de Santa Rosa, que ainda possui equipamentos e veículos a serem preservados até a conclusão da arrecadação.

Foi nomeada a empresa Estevez & Guarda Administração Judicial como administradora judicial, responsável por arrecadar os bens, elaborar relatórios sobre as causas da insolvência e conduzir o rateio entre os credores. A remuneração inicial foi fixada em 3% sobre o valor obtido com a venda dos ativos, com possibilidade de reavaliação semestral.

Credores e registros oficiais

Os credores têm 15 dias para apresentar a habilitação de seus créditos ao administrador judicial. Todas as ações e execuções contra a empresa estão suspensas, exceto aquelas em fase de liquidação.

As Fazendas Públicas da União, do Estado e dos municípios deverão participar do processo através de incidentes próprios de classificação de crédito. Além disso, a Junta Comercial e a Receita Federal deverão registrar a anotação de “falida” nos cadastros da empresa e de seus sócios.

Histórico da indústria

Fundada por Jacob Ignacio Vier e posteriormente administrada pela família Buttenbender, a indústria atuou por quase oito décadas no processamento e comércio de erva-mate, tendo consolidado presença no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Atualmente, a empresa enfrenta um processo de encerramento definitivo diante da crise que se agravou ao longo dos anos.

Para mais detalhes, acesse o fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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