Investimento global em semicondutores deve passar US$ 1,5 tri até 2030
Segundo o relatório Semiconductor & Beyond 2026, da PwC, o investimento mundial em fábricas de semicondutores deve ultrapassar US$ 1,5 trilhão até o ano de 2030, o equivalente ao total investido nos últimos 20 anos. A maior parte desses recursos será concentrada nos Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul e Taiwan, que respondem por cerca de 80% a 85% dos aportes, aponta o estudo.
Oportunidades e desafios para o Brasil no mercado de semicondutores
O levantamento indica que o Brasil tem potencial para captar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em investimentos no setor de semicondutores, considerando o crescimento dos data centers e as políticas públicas e incentivos regulatórios em estudo pelo governo e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Daniel Martins, sócio de Energia e Serviços de Utilidade Pública da PwC Brasil, em uma projeção mais otimista, esse número pode chegar a até US$ 50 bilhões, dependendo do ambiente de atração de investimentos.
Setores estratégicos e limites atuais
Martins destaca que o Brasil possui oportunidades na indústria de base, como mineração, químicas, backend, testes, montagem e aplicações industriais (energia, saneamento, infraestrutura, automotivo). Contudo, o país ainda está distante das etapas de maior valor agregado, como pesquisa e desenvolvimento (P&D) e design, que concentram a maior parte dos recursos globais. “Nossa vantagem competitiva está na produção de componentes de base, mas há um enorme potencial de crescimento na cadeia de valor mais avançada”, afirma.
Contexto global e investimentos futuros
De acordo com a PwC, o fortalecimento na construção de novas fábricas de semicondutores faz parte de uma estratégia internacional de reforçar cadeias de suprimentos e atender à crescente demanda por tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA) e veículos autônomos. Estima-se que, nos próximos cinco anos, mais de US$ 300 bilhões sejam investidos globalmente em projetos relacionados a servidores, redes e data centers, impulsionados pela alta demanda por aceleradores de IA e memórias de alta largura de banda (HBM).
“O aumento da demanda por chips para data centers e setores de automação industrial cria oportunidades estratégicas para o Brasil”, avalia Martins. Além disso, a expansão na utilização de semicondutores de banda larga, como carbeto de silício (SiC) e nitreto de gálio (GaN), oferece possibilidades de inserção do país nesse mercado energético de alta tecnologia.
Perspectivas para o Brasil na cadeia de semicondutores
Os semicondutores se tornaram parte do vocabulário global durante a pandemia, quando interrupções na produção na Ásia geraram crises no fornecimento de computadores, eletrônicos e automóveis. Atualmente, a crise se acentuou com a disputa entre Holanda e China pela gestão da fabricante Nexperia, levando o Brasil a agir para evitar paralisações, especialmente no setor automotivo, que exige até 3 mil chips por veículo.
Martins enxerga oportunidades reais para o Brasil se posicionar estrategicamente, seja como polo de inovação em segmentos específicos, como semicondutores para mobilidade elétrica, ou como elo de cadeias globais de valor. “Investir em tecnologia para capturar o gálio na cadeia da bauxita e desenvolver uma indústria avançada de chips pode colocar o país no mapa mundial de produção de semicondutores”, afirma.
Desafios e estratégias futuras
Para atingir esse potencial, o Brasil precisaria investir em tecnologia de refino, purificação e fabricação de wafers de nitreto de gálio, além de promover uma cadeia integrada de mineração, química avançada e fabricação de chips. Segundo Martins, uma estratégia industrial coordenada poderia transformar o país em uma peça relevante na demanda global por semicondutores, especialmente em nichos de alta tecnologia.
O avanço na cadeia de semicondutores é visto como uma oportunidade estratégica diante do crescimento na demanda por veículos conectados, automação industrial e tecnologias de energia limpa, setores que representam uma janela de atuação para parcerias, investimentos e políticas públicas voltadas à inovação tecnológica.
Para mais informações, acesse o relatório completo da PwC.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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