Argentina deve pedir waivers ao FMI por não cumprir meta de reservas
A Argentina, maior devedora do Fundo Monetário Internacional (FMI), deverá mais uma vez solicitar um waivers — autorização especial para desconsiderar o não cumprimento de metas — devido ao não atingimento da meta de reservas cambiais estipulada no novo acordo de US$ 20 bilhões firmado com o fundo. A expectativa é de que o governo consiga que o FMI aceite esse pedido, conforme analistas e ex-funcionários ouvidos pela Reuters.
Waiver: o que significa e como funciona na prática
Waiver, em tradução livre, é uma autorização oficial concedida a um país para que deixe de cumprir uma regra que normalmente seria obrigatória. No caso da Argentina, trata-se de uma permissão para que o FMI desconsidere o cumprimento da meta de acumulação de reservas do Banco Central, que não foi atingida até o momento.
Segundo especialistas, há uma boa chance de o fundo aceitar o pedido, principalmente devido ao esforço do governo argentino em reduzir o déficit fiscal e estabilizar a economia. A Reuters destaca que essa prática é comum em negociações internacionais, especialmente quando o país demonstra avanços em áreas-chave, mesmo que surjam dificuldades em metas específicas.
Contexto do acordo e situação econômica argentina
O país fechou seu 23º acordo com o FMI em abril, visando refinanciar um anterior de US$ 44 bilhões e fornecer ao governo de Javier Milei espaço para reformar o controle de capitais. Entre as metas estabelecidas, estavam a eliminação do déficit fiscal e a reconstrução das reservas cambiais, que estavam em patamar negativo ao fim de 2023.
Apesar dos esforços para conter a inflação e retomar o crescimento econômico, a Argentina enfrenta dificuldades na acumulação de reservas do Banco Central. A não conformidade com essa meta, no entanto, deve ser minimizada por meio do waiver, avaliam analistas.
Análises e expectativas
Claudio Loser, ex-diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, afirmou à Reuters que o fundo provavelmente perdoará o não cumprimento da meta de reservas, ainda que o país peça mais waivers posteriormente. Acho que eles irão perdoar, mesmo que peçam mais depois
, disse.
Já Daniel Marx, ex-secretário de Finanças da Argentina, destacou que o próximo desembolso de aproximadamente US$ 2 bilhões provavelmente dependerá da aprovação do waiver. O desembolso não será automático, mas exigirá um waiver
.
Perspectivas para futuros desembolsos
As conversas com a equipe técnica do FMI estão em andamento, e o governo espera que o próximo pagamento ocorra entre uma e duas semanas após a aprovação do waiver. O ministro da Economia, Luis Caputo, apontou que o foco do governo não é mais apenas na acumulação de reservas, mas na estabilidade do peso e nas reformas econômicas.
Especialistas, como Aldo Abram, estimam que a Argentina possa estar cerca de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão abaixo da meta, considerando fatores de mercado e ajustes internos, mas que essa diferença não deve bloquear a liberação de recursos.
Peso no jogo político-econômico, as medidas de austeridade e o esforço para equilibrar as contas públicas parecem estar surtindo efeito, ao mesmo tempo em que a Argentina busca manter a relação com o FMI em uma trajetória de maior flexibilidade para avançar nas reformas estruturais.
O resultado dessas negociações é crucial para a economia brasileira, que acompanha de perto o cenário argentino, parceiro importante na América do Sul, e as estratégias do Fundo Mundial para países endividados.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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