Relatório da IFI alerta que metas fiscais podem virar miragem até 2026

A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão de acompanhamento das contas públicas do Senado, alertou que, no ritmo atual, as metas fiscais brasileiras são inatingíveis e a dívida pública poderá alcançar 100% do PIB até 2030. Segundo o relatório, mesmo com o contingenciamento de R$ 20 bilhões anunciado pelo governo, o déficit primário deve ficar em torno de R$ 83 bilhões em 2025, uma estimativa mais rigorosa do que a do próprio governo, que calcula metade desse valor ao excluir despesas essenciais, como o ressarcimento de aposentados e pensionistas lesados no golpe do INSS.

Desafios estruturais e dificuldades de implementação

A IFI reforça que, para mudar essa trajetória, é imprescindível a implementação de medidas fiscais de caráter estrutural. Entretanto, o órgão aponta a grande dificuldade do Brasil em aprová-las no Congresso. Atualmente, propostas essenciais, como desvincular benefícios previdenciários do salário mínimo — o que manteria o poder de compra sem ganhos reais —, ainda não avançaram devido às divergências internas no governo. Os gastos com o INSS representam 42% do orçamento, e o debate sobre esse tema é travado por divisões políticas.

Iniciativas e entraves no Congresso

Outros projetos cujo objetivo é equilibrar as contas públicas chegaram ao Congresso, mas sofreram alterações, foram derrubados ou pioraram durante a tramitação. Nesse contexto, o órgão fiscal faz um diagnóstico preocupante: sem reformas estruturais, a meta fiscal de 2026 será inatingível e a situação financeira do país ficará insustentável.

Medidas em discussão e o papel do Poder Legislativo

Atualmente, um dos principais obstáculos está no próprio Congresso, que aprovou aumento no número de deputados, uma proposta que será avaliada pelo Senado, embora dados do órgão evidenciem a pouca prioridade dessa medida diante do cenário fiscal. Além disso, há propostas discutidas para a manutenção de privilégios, como a possibilidade de acumulação de aposentadorias com cargos eletivos, que não contribuem para o equilíbrio das contas públicas.

Cenário político e economia

O ministro Fernando Haddad, em entrevista ao Jornal da Record, destacou que o governo não pretende aumentar gastos que não sejam imprescindíveis. Apesar disso, admitiu que, em situações emergenciais, recursos serão utilizados, como já ocorreu nas enchentes do Rio Grande do Sul no ano passado. Quanto à discussão sobre aumento de impostos, Haddad afirmou que a maior taxação dos mais ricos vai na direção de justiça tributária, especialmente em relação às plataformas de jogos, as Bets. A equipe econômica mantém a proposta de cobrança de 18%, após o Congresso ter reduzido para 12%, como uma medida de ajuste fiscal considerada justa por especialistas.

Perspectivas futuras e desafios

A análise da IFI reforça que, sem reformas estruturais eficazes e apelo por maior compromisso do Congresso, a estratégia atual não evitará o agravamento da crise fiscal brasileira. O órgão lembra também que a agenda de mudança deve envolver a discussão de alternativas, como a reforma do sistema previdenciário e a revisão dos benefícios sociais, que continuam emperradas por interesses políticos.

Para mais detalhes sobre o relatório da IFI, acesse o fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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