Lula viaja à Argentina para participação na cúpula do Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta quarta-feira para Buenos Aires, onde participa da Cúpula do Mercosul até quinta-feira. Lula deverá discutir com os demais líderes do bloco questões sobre a flexibilização comercial, integração regional e aumento do comércio com parceiros internacionais.

Primeira visita de Lula à Argentina sob a presidência de Milei

Esta será a primeira viagem de Lula à Argentina desde que Javier Milei assumiu o governo, marcando um momento de rivalidade diplomática entre os líderes. Fotografias de Lula e Milei juntos na COP26 e na reunião do G20 no Rio indicam uma relação marcada por desafetos. Milei já chamou Lula de “corrupto”, “comunista” e “dinossauro idiota”, enquanto o petista aguarda um pedido formal de desculpas que nunca veio.

Expectativa de encontro com Cristina Kirchner

Segundo auxiliares do governo brasileiro, Lula aguarda autorização da Justiça argentina para visitar Cristina Kirchner, condenada por corrupção e em prisão domiciliar. Caso a permissão seja concedida, o encontro será agendado, fortalecendo as negociações bilaterais.

Agenda econômica e pontos de discussão no Mercosul

Embora o clima político entre Lula e Milei seja tenso, o foco da reunião será predominantemente econômico. O principal tema será a flexibilização da Tarifa Externa Comum (TEC), um pedido da Argentina para que os países do bloco possam negociar acordos comerciais com outros parceiros, fora da união aduaneira.

O Brasil concordou em ampliar a lista de exceções à TEC, permitindo mudanças em 50 itens tarifários, o que implicará movimentações nas alíquotas de importação de até 150 posições tarifárias. Contudo, condições foram impostas, incluindo a restrição de produtos brasileiros que respondam por mais de 20% das vendas importadas do sócio solicitante.

Ampliação do Mercosul e avanços comerciais

Além das discussões sobre a flexibilização, a agenda também inclui a entrada da Bolívia no bloco e o interesse de outros países, como Panamá, El Salvador, Canadá e Indonésia, em estreitar relações comerciais. Uma possível assinatura de acordo com a Associação Europeia de Comércio Livre (Efta), composta por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, também é aguardada.

Agenda restrita e cerimônia de liderança

Devido à tensão política, a reunião do Mercosul terá caráter mais administrativo, com Lula chegando ao país no dia 2, participando da cúpula no dia seguinte às 11h e retornando às 13h. Durante o evento, Lula receberá a presidência pro tempore do bloco das mãos de Milei, assumindo o comando do semestre.

Reuniões bilaterais e relação com a Argentina

Embora uma visita de Lula a Cristina Kirchner não esteja na agenda oficial, há informações de que sua defesa solicitou permissão para uma reunião na residência da ex-presidente, que hoje cumpre prisão domiciliar no país. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá encontro bilateral com o argentino Luis Caputo, tratando de divergências de políticas econômicas entre os governos.

Haddad também participará de reuniões com outros ministros e presidentes de bancos centrais do Mercosul, iniciando uma semana de intensa agenda internacional. Sua visita ocorre após a rejeição do aumento do IOF no Congresso brasileiro, sinalizando os momentos de correção política do governo brasileiro.

Fonte: Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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