Impactos da mineração de bitcoin em comunidade rural de Nova York
No vilarejo de Dresden, no interior de Nova York, moradores enfrentam o barulho incessante da usina Greenidge, que também produz energia a partir de gás natural e realiza mineração de bitcoins, atividade que consome grande quantidade de energia.
O impacto ambiental e social da mineração de bitcoin
Desde 2019, a fábrica de Dresden transforma a antiga usina a carvão em uma fonte de energia de pico e de mineração de criptomoedas, gerando cerca de 44 megawatts de potência, suficiente para abastecer aproximadamente 40 mil residências. Contudo, essa atividade tem gerado preocupações na comunidade local, sobretudo devido à emissão de gases de efeito estufa, que em 2023 atingiram quase 800 mil toneladas de CO2, segundo cálculo do grupo ambiental Earthjustice.
Moradores como Beth Cain, aposentada e residente de Dresden, alegam que o ruído constante prejudica a saúde, assemelhando-se a um zumbido no ouvido. Além disso, há receios de que a água quente libertada pela usina, usada para resfriar os computadores, prejudique a fauna do Lago Seneca, que já registra um aumento alarmante nas florações de algas nocivas — 377 no início de 2024, muito acima das 50 ocorridas em 2023.
Consequências econômicas e ambientais
Vizinhos e ambientalistas destacam que a presença da usina ameaça um setor econômico importante na região, que depende do turismo, da produção de vinhos e da preservação da qualidade ambiental. Yvonne Taylor, vice-presidente do grupo Guardiões do Lago Seneca, afirma que a instalação da planta para mineração de bitcoins representa uma ameaça às atividades tradicionais da comunidade.
De acordo com dados da Energy Information Administration (EIA), pelo menos 137 usinas de mineração de criptomoedas estavam em operação nos Estados Unidos no início de 2024. Com a troca de políticas sob o governo de Donald Trump, que passou a incentivar as criptomoedas e a facilitar a instalação de fazendas de mineração, espera-se que esse número cresça ainda mais, sobretudo em estados como Texas, onde a energia é barata e abundante.
Críticas e possíveis alternativas sustentáveis
Especialistas alertam sobre os riscos ambientais associados à combinação de energia de gás natural e mineração de bitcoin, recomendando a busca por fontes renováveis para diminuir o impacto. Margot Paez, do Bitcoin Policy Institute, critica a estratégia da Greenidge, comparando-a a uma “maçã podre” na indústria, contudo reforça a necessidade de mineradores adotarem energias limpas.
Os moradores de Dresden também tentam buscar alternativas por vias legais, participando de ações judiciais contra a usina, mas ainda sem sucesso. Enquanto isso, há preocupações crescentes sobre o dano ao turismo local, já que a degradação do lago e o ruído constante prejudicam a economia baseada no lazer e na agroindústria.
Futuro incerto para comunidades rurais impactadas
Apesar de as empresas garantirem que cumprem as normas ambientais, as dúvidas permanecem sobre o efeito cumulativo dessas operações na saúde, no ambiente e na economia de áreas rurais. A expectativa é que, com o fortalecimento das políticas em favor das criptomoedas, as cidades rurais enfrentem ainda maiores desafios ambientais e sociais.
Com informações do Jornal Diário do Povo
Publicar comentário