EUA anunciam acordo comercial com Vietnã e indicam acesso total ao mercado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) a assinatura de um acordo comercial com o Vietnã, que prevê acesso total dos EUA ao mercado vietnamita e elevação das tarifas sobre produtos importados do país asiático. A negociação ocorre poucos dias antes do término do período de suspensão de tarifas recíprocas, marcado para 9 de julho.

Termos do acordo entre EUA e Vietnã

Segundo Trump, o tratado inclui uma tarifa de 20% para produtos vietnamitas importados pelos EUA e uma cobrança de 40% sobre transhipping — transferência de mercadorias entre meios de transporte durante a viagem. Em contrapartida, o Vietnã abrirá seus mercados comerciais, permitindo que os Estados Unidos exportem com tarifas zero.

“Eles abrirão seu mercado para os EUA, o que significa que podemos vender nossos produtos ao Vietnã sem tarifas”, declarou Trump em publicação no Truth Social. Entre as empresas que podem ser beneficiadas estão Nike, Apple, Samsung e Intel, com fábricas no Vietnã e forte presença no mercado americano.

Contexto das negociações tarifárias dos EUA

Até o momento, Trump firmou apenas três acordos comerciais desde o início de sua política tarifária agressiva — os outros dois foram com o Reino Unido e a China. A suspensão das tarifas recíprocas, que deveria terminar no dia 9 de julho, pode ser prorrogada, uma vez que negociações com diversos países ainda estão em andamento.

O primeiro acordo, com o Reino Unido, estabeleceu a redução de tarifas e maior acesso de ambos os mercados. Com a China, a assinatura de um entendimento recente aponta para tarifas de 10% sobre produtos americanos e de 55% sobre importações chinesas, mas ainda depende de aprovações oficiais.

Implicações para países e dificuldades nas negociações

Especialistas destacam que o cenário internacional mostra dificuldades dos EUA em negociar acordos amplos com múltiplos parceiros, devido a questões diplomáticas e geopolíticas. Além do conflito na Síria e outros focos de tensão, a prioridade de Trump tem sido focar no Oriente Médio e na China.

Fredrico Nobre, gestor da Warren, afirma: “Os EUA estão enfrentando desafios diplomáticos em fechar acordos hepados e complexos. Muitos países, como Coreia do Sul, União Europeia e Japão, ainda negociam com os americanos, e a questão pode atrasar o término da suspensão tarifária.”

Efeito sobre o Brasil e sua relação comercial com os EUA

Embora o Brasil não tenha sido diretamente atingido por tarifas elevadas até o momento, o país ainda sofre com as tarifas de 50% sobre aço e alumínio, que continuam em vigor desde junho. Como um dos principais fornecedores de aço para os americanos, o Brasil busca negociar cotas preferenciais e isenções tarifárias para evitar prejuízos às exportações.

O ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, destacou a importância do diálogo bilateral e de um grupo de trabalho com os EUA para mitigar os impactos das tarifas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, as negociações começaram em março e seguem com reuniões presenciais e virtuais, embora detalhes das conversas ainda não tenham sido divulgados oficialmente.

Perspectivas futuras e riscos para o comércio internacional

Analistas avaliam que o cenário de negociações dos EUA ainda é incerto, com grande possibilidade de prorrogação do prazo para negociações com diversos países. Além disso, a disputa comercial com o Brasil demonstra os desafios de Trump em consolidar acordos abrangentes diante de uma política tarifária forte e, por vezes, unilateral.

Enquanto tenta garantir vantagens para setores específicos, como siderurgia, os Estados Unidos continuam enfrentando dificuldades para estabelecer uma política de comércio internacional mais ampla e integrada. O desfecho dessas negociações terá impacto significativo na economia global nos próximos meses.

Com informações do Jornal Diário do Povo

Publicar comentário