Críticas ao aumento da taxa Selic atingem setores produtivos e sindicais
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a Taxa Selic para 15% ao ano, medida que tem recebido forte oposição de setores produtivos, sindicatos e entidades de comércio, que afirmam que a alta compromete o crescimento econômico e o emprego no país.
Reações contrárias ao aumento da Selic
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, classificou a decisão de “injustificável”. Segundo ele, os juros altos vão sufocar a economia e prejudicar a produção e o investimento. “A irracionalidade dos juros e da carga tributária já está sufocando a capacidade dos setores produtivos, que enfrentam um cenário conturbado e a possibilidade de juros cada vez mais altos para captar crédito”, afirmou Alban. “É um contrassenso o Banco Central se manifestar contra o aumento do IOF enquanto decide aumentar a taxa, aonde se quer chegar?”, questionou.
“Não lidávamos com um patamar tão alto desde 2006. A carga de juros está sufocando a economia”, acrescentou Alban, referindo-se ao impacto sobre setores produtivos e à recuperação econômica.
Política monetária e ambiente econômico
Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), o Banco Central poderia ter adotado uma postura diferente. “Havia espaço para estabilidade e até mesmo redução da taxa”, afirmou Felipe Queiroz, economista-chefe da entidade. Segundo ele, o cenário atual exige uma política macroeconômica que estimule a produção e o desenvolvimento, e a manutenção de um juro elevado ameaça esse processo.
“Se tivéssemos uma taxa mais moderada, o crescimento brasileiro neste ano seria significativamente maior”, avaliou Queiroz. Ele destacou que, apesar dos juros elevados, a expectativa de crescimento do PIB segue em torno de 2,2%, mas que uma política mais racional poderia impulsionar esse número ainda mais.
Inflação e expectativas de mercado
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) afirmou que a decisão do Banco Central surpreendeu o mercado, embora o núcleo da inflação ainda esteja acima do limite de 4,5% ao ano. Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da entidade, a inflação subjacente mostra uma tendência de alta, impulsionada pela expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda desancoradas.
“Embora a desaceleração econômica interna e a valorização do Real possam diminuir a pressão inflacionária, é necessário manter uma política monetária mais restritiva”, explicou Gamboa.
Reação das centrais sindicais
As principais centrais sindicais também criticaram a decisão do BC. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a alta da Selic dificultará a vida das famílias e continuará transferindo recursos dos consumidores, empresas e Estado para o setor financeiro. “Juros altos desestimulam investimentos e o consumo, impactando diretamente na geração de empregos de qualidade”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT.
Já a Força Sindical declarou que os juros elevados são um “veneno” para a produção e o comércio, além de alimentarem a especulação financeira em prejuízo da indústria e do emprego. “A política de juros altos aprofundará o desemprego e a pobreza”, criticou Miguel Torres, presidente da entidade.
Segundo especialistas, as altas taxas de juros colaboram para a concentração de renda e atrasam a retomada do crescimento sustentável, aumentando o risco de deterioração do mercado de trabalho e agravamento da desigualdade social. A discussão sobre a política monetária deve continuar à medida que o cenário econômico evolui.
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Com informações do Jornal Diário do Povo
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