Brasil e EUA iniciam negociações após reunião com foco em tarifas e relações bilaterais
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, iniciaram ontem negociações para tratar do tarifaço imposto a produtos brasileiros, em um encontro considerado “produtivo e cordial”. A reunião ocorreu em Washington e marca o começo de um processo diplomático que visa melhorar as relações comerciais e políticas entre os dois países.
Negociações e expectativa de encontro entre Lula e Trump
Segundo comunicado conjunto, os ministros trabalham para agendar uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, embora ainda não haja data definida. Vieira afirmou que, durante o encontro, foi reforçada a intenção de realizar o encontro “o mais rápido possível”, destacando que o objetivo é manter o diálogo aberto e construtivo.
Reunião marcada por temas econômicos e estratégicos
O foco da conversa foi a agenda econômica, incluindo a necessidade de reverter as tarifas que afetam as exportações brasileiras. Vieira reiterou a posição do Brasil de que as medidas adotadas pelo governo Trump, como o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, devem ser revistas. “Reiterei a posição brasileira, transmitida pelo presidente Lula ao presidente Trump na semana passada, sobre a necessidade de reversão das medidas”, afirmou Vieira após a reunião.
A conversa durou cerca de uma hora, sendo que os primeiros 20 minutos ocorreram a portas fechadas, sem assessores. Entre os presentes, estavam diplomatas brasileiros, o embaixador do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, e representantes dos EUA, incluindo o secretário de Defesa Assistente, Michael Jensen. O teor da conversa não foi divulgado, mas acredita-se que temas estratégicos, como o plano dos Estados Unidos de usar a CIA para influenciar a situação na Venezuela, tenham sido abordados.
Perspectivas e desafios nas negociações
Apesar da ausência de confirmação de uma data específica para o encontro entre Lula e Trump, Vieira destacou a disposição de ambas as partes em avançar com negociações. “Estamos em um início auspicioso de um processo de normalização e de abertura de novos caminhos para as relações bilaterais”, afirmou.
O diálogo também abordou questões comerciais, como a possível redução de tarifas brasileiras sobre o etanol importado dos EUA. Atualmente, o Brasil aplica uma tarifa de 18%, enquanto os EUA tributam o exportador brasileiro em cerca de 2,5%. Empresários brasileiros manifestam otimismo com a possibilidade de avanço nesse tema, que poderia ampliar as exportações de etanol ao mercado norte-americano.
Aspectos geoestratégicos e energéticos
Além das questões comerciais, os EUA demonstram interesse na garantia de fornecimento de minerais estratégicos, como lítio, nióbio e terras-raras, essenciais na produção de baterias e tecnologias de transição energética. A negociação, portanto, também contempla aspectos de segurança econômica e relação estratégica para a transição energética global.
Analistas destacam que o diálogo com Washington é fundamental para destravar negociações comerciais e garantir previsibilidade às exportações brasileiras, em um momento de tensões internacionais e disputas por recursos naturais.
Próximos passos e expectativas
De acordo com Vieira, a montagem de um cronograma de reuniões continuará nos próximos dias, com contato direto com autoridades americanas. Rubem Rubio e Mauro Vieira concordaram em colaborar para avançar as discussões. As negociações também buscam preparar o terreno para o encontro entre Lula e Trump, que ainda não possui uma data definida, mas é considerado prioridade pelos dois governos.
Assim, o processo diplomático iniciado nesta semana sinaliza uma possível melhora na relação bilateral, com foco na resolução de tarifas e na cooperação em áreas estratégicas. A expectativa é que os próximos meses sejam decisivos para encaminhar avanços concretos nesse esforço conjunto.
Fonte: O Globo
Com informações do Jornal Diário do Povo
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