Brasil busca atrair recursos para atingir metas de redução de emissões
O Brasil está na corrida por recursos internacionais para fortalecer sua agenda de combate às mudanças climáticas. Com metas ambiciosas, o país deve mostrar credibilidade técnica e avanços no combate ao desmatamento para atrair investimentos e cumprir seus compromissos ambientais.
Desafios globais e a importância do financiamento privado
O contexto global não favorece totalmente o Brasil, devido às disputas por recursos de nações desenvolvidas, como a defesa, além do elevado endividamento e dos custos da transição verde. Para avançar, é fundamental criar regras que atraiam o capital privado, condição essencial para ampliar a escala das ações ambientais.
Ao mesmo tempo, o desafio é minimizar o impacto no crescimento econômico. Uma das estratégias inclui o artigo 6 do Acordo de Paris, que permite aos países desenvolvidos financiar a redução de gases de efeito estufa em nações com custos menores, facilitando o cumprimento das metas ambientais — as chamadas NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas).
Meta do Brasil e avanços na preservação
As metas brasileiras, apresentadas na COP29, prevêem uma redução de 59% a 67% nas emissões até 2035, em relação a 2005, com objetivo de alcançar a neutralidade até 2050. O desmatamento total deve ser zerado até 2035, o que exige credibilidade na gestão ambiental.
A redução do desmatamento nos últimos anos contribui para essa credibilidade. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a taxa de desmatamento na Amazônia tem caído desde 2022, após anos de aumento entre 2018 e 2021. Nos últimos meses, também houve reversão de tendência no Cerrado, com a menor taxa em cinco anos, entre 2024 e 2025.
Confiança técnica e monitoramento internacional
A credibilidade do Inpe é fundamental na competição por recursos globais, já que seus dados são baseados em satélites e podem ser monitorados por terceiros. A medição independente de carbono, sob padrões estabelecidos e com transparência, é condição essencial para atrair investimentos.
Especialistas destacam o papel do Ibama na redução do desmatamento, com reforço na fiscalização e repressão às ilegalidades. Ainda assim, a tendência de progresso enfrenta obstáculos, incluindo o aumento das queimadas, cujas emissões não são oficialmente contabilizadas, embora tenham se aproximado da emissão por desmatamento em 2024.
Iniciativas internacionais e novos mecanismos de financiamento
Como parte do esforço de captação de recursos, o Brasil propôs o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), com meta de US$ 125 bilhões, para remunerar países que preservam suas florestas. O dinheiro virá da diferença entre o retorno de investimentos e a remuneração ao investidor, envolvendo recursos públicos, filantrópicos e privados.
O mecanismo, baseado em resultados mensuráveis por sensoriamento remoto, visa facilitar o monitoramento e reduzir riscos, atraindo mais recursos para a preservação.
Desafios internos e a necessidade de ações eficientes
Implementar boas iniciativas será fundamental para o Brasil atrair esses recursos. Podem surgir obstáculos como o crime organizado, atividades ilegais e limitações na gestão pública, que exigirão segurança jurídica, boa administração e transparência na alocação de recursos.
Além disso, há a perspectiva de explorar a Margem Equatorial, o que requer esforço para neutralizar todas as emissões de gases de efeito estufa associadas ao projeto.
Perspectivas e o caminho a percorrer
Embora o percurso seja difícil e repleto de desafios, há um caminho possível. O avanço depende de ações concretas de gestão, fiscalização e transparência, além de uma forte articulação internacional para garantir a credibilidade e os recursos necessários para as metas ambientais.
(*) Agradeço os comentários de Juliano Assunção. Para mais detalhes, confira a fonte original.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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