Anderson Torres envia parecer técnico sobre minuta golpista ao STF

Na véspera da acareação marcada para esta terça-feira (24), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer técnico sobre a minuta golpista. Essa minuta foi mencionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia que levou Torres ao banco dos réus, sob a acusação de integrar uma organização criminosa que tramou um golpe de Estado.

Defesa busca esclarecer situação da minuta golpista

O parecer, encaminhado pela defesa de Torres ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, tem como objetivo distanciar a minuta golpista encontrada na residência do ex-ministro de outras medidas antidemocráticas discutidas por integrantes do governo Bolsonaro, que visavam impedir a posse do presidente Lula. Na semana passada, Moraes deu cinco dias para que a defesa apresentasse exames periciais que demonstrassem que o conteúdo da minuta não tem qualquer semelhança com os outros documentos supostamente antidemocráticos mencionados durante a instrução do processo.

A análise técnica da minuta

O parecer técnico, assinado pelo perito Roosevelt Alves Fernandes Júnior, define a minuta golpista como um “material impresso em papel, desprovido de assinatura, data, identificação de autoria”. O documento ressalta que “não há, portanto, qualquer elemento técnico que permita atestar sua origem ou autoria”. Além disso, destaca que o texto “não apresenta referência expressa à prisão de autoridades públicas”.

Desvinculação de outros documentos antidemocráticos

O parecer também enfatiza que a minuta não possui uma seção introdutória de “Considerandos” e não faz menção à decretação de Estado de Sítio, à Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou à prisão de autoridades públicas. Esse ponto é crucial para dissociar o documento de outros textos antidemocráticos que foram discutidos internamente entre outros réus da investigação, após Bolsonaro ser derrotado por Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Contradições nos depoimentos de militares

Conforme informações divulgadas pela equipe da coluna, a defesa de Torres pretende explorar na acareação uma contradição nos depoimentos do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, e do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ambos foram interrogados sobre a participação de Torres em reuniões com militares para discutir possíveis medidas que o governo de Jair Bolsonaro poderia tomar para se manter no poder.

Freire Gomes afirmou que Torres participou de “uma ou duas reuniões”, onde ofereceu explicações jurídicas a Bolsonaro. Por outro lado, Baptista Júnior expressou incerteza sobre a participação de Torres nessas reuniões. Na acareação, marcada pelo relator da trama golpista, ministro Alexandre de Moraes, os advogados de Torres exigirão que o ex-comandante do Exército informe a data, hora e local dessas reuniões.

Expectativas para o desenrolar do processo

Com a acareação já agendada, a expectativa é que novos elementos sejam apresentados para elucidar a situação de Anderson Torres e suas supostas conexões com o planejamento do golpe. O resultado dessa análise poderá influenciar não apenas a situação legal de Torres, mas também o andamento de outras investigações relacionadas ao governo Bolsonaro e suas práticas durante o período eleitoral.

A luta jurídica de Torres destaca as divisões ainda presentes na política brasileira, assim como as tentativas de desmantelar narrativas que possam comprometer a imagem e a liberdade de figuras políticas envolvidas em casos polêmicos. O desfecho desses eventos ainda está por vir, mas a atenção do público e das autoridades permanece voltada para o STF e as repercussões que esse processo pode trazer.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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