Aliados acreditam que Bolsonaro rejeitará prisão domiciliar se condenado
Com a condenação no horizonte no caso da tentativa de golpe de Estado, os aliados de Jair Bolsonaro não esperam que o ex-presidente peça para cumprir a pena em prisão domiciliar. Essa avaliação reflete uma leitura estratégica do cenário, onde a prisão domiciliar poderia aliviar a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e seu ministro Alexandre de Moraes, permitindo que seus apoiadores ampliassem a narrativa de resistência contra o Judiciário.
A estratégia dos aliados de Bolsonaro
Nos bastidores, a análise entre os próximos ao ex-presidente é clara: a prisão domiciliar “aliviaria a pressão” sobre as institucionais, segundo fontes. Caso Bolsonaro seja encarcerado em uma unidade militar, similar ao que ocorreu com o general Walter Braga Netto, seus apoiadores teriam munição para exacerbar a emoção entre a base bolsonarista, criticando instituições como o STF.
A prisão domiciliar e suas implicações
É importante ressaltar que, para que Bolsonaro consiga a prisão domiciliar, sua defesa precisaria formalizar o pedido junto ao STF após a condenação. No entender de seu círculo, essa medida poderia ser interpretada como uma concessão, onde Bolsonaro reconheceria a condenação e enfraqueceria sua narrativa de inocência. Este é um ponto crucial, considerando a retórica que tem sido utilizada por seus aliados como uma tentativa de manter viva a chama de seus ideais políticos.
Saúde e precedentes no STF
De acordo com informações obtidas pela coluna, membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pessoas próximas ao Judiciário acreditam que, se Bolsonaro solicitar prisão domiciliar, tem chances reais de obter o benefício. Uma das razões para essa perspectiva é o estado de saúde do ex-presidente, debilitado por complicações decorrentes da facada que sofreu em 2018 e das intervenções cirúrgicas em seu intestino.
Por outro lado, existe o receio de criar um precedente negativo, visualizando o caso do ex-deputado federal Nelson Meurer, que faleceu em 2020 após contrair Covid-19, mesmo após pedidos de prisão domiciliar negados pelo STF. Meurer, condenado na Lava-Jato, enfrentou negativas em sua solicitação aos 77 anos, o que poderia ser um “trauma” para a corte, influenciando decisões futuras de maneira cautelosa.
A visão do STF
Entre os integrantes do governo que possuem um bom entendimento da dinâmica do STF, a avaliação é de que a corte não se arriscaria a passar por uma situação semelhante novamente, ainda mais se tratando de um ex-presidente da República. Esse temor de um erro de julgamento que poderia resultar em críticas ou escândalos futuros é uma consideração impactante na análise de qualquer pedido que possa ser apresentado.
Assim, o entendimento é que Bolsonaro, mesmo diante de um cenário adverso e com possibilidades legalmente favoráveis, provavelmente optará por não fazer o pedido de prisão domiciliar. Essa escolha não só reflete interesses táticos de seu círculo próximo, mas também a fidedignidade a um discurso que tem sido mantenedor de sua base de apoio.
Portanto, enquanto a condenação se desenha no horizonte, a expectativa é que Jair Bolsonaro utilize de todas as estratégias possíveis para preservar sua imagem política e evitar um movimento que possa ser interpretado como uma rendição às acusações que enfrenta.
À medida que os desdobramentos ocorrem, a vigilância sobre as ações de Bolsonaro e dos desdobramentos no STF permanecem como um ponto central nas discussões políticas do Brasil.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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