Indústria brasileira recua 0,5% em maio e soma duas quedas consecutivas

A produção da indústria brasileira recuou 0,5% em maio, em relação ao mês anterior, marcando o segundo mês seguido de queda após uma redução de 0,2% em março para abril. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Brasília. Apesar da retração recente, o setor industrial registra crescimento de 3,3% em comparação a maio de 2024, e um avanço de 2,8% no acumulado de 12 meses.

Setores que contribuíram para o recuo industrial em maio

De acordo com o levantamento do IBGE, 13 das 25 atividades pesquisadas tiveram queda na passagem de abril para maio. Entre elas, destaque para:

  • Veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,9%)
  • Coque (derivado do carvão), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%)
  • Produtos alimentícios (-0,8%)
  • Produtos de metal (-2,0%)
  • Bebidas (-1,8%)
  • Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,7%)
  • Móveis (-2,6%)

Ao mesmo tempo, a indústria extrativa foi o único segmento que apresentou crescimento, com alta de 0,8%, contribuindo para o resultado positivo de maio.

Impacto dos juros altos na produção industrial

Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, os resultados de abril e maio refletem uma devolução do crescimento mais intenso ocorrido nos três primeiros meses de 2024, que chegou a 1,5% na comparação com dezembro do ano passado. Com as duas quedas recentes, o avanço do setor foi reduzido para 0,7%.

O analista explica que a alta dos juros no país desde setembro de 2024 tem impacto direto na produção. “Isso encarece o crédito, faz com que as famílias adiem o consumo e pode levar as empresas a postergar investimentos”, afirma. Desde então, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vem mantendo a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, para conter a inflação.

Macedo destaca que, apesar do cenário constracionista, há aspectos positivos na economia, como o mercado de trabalho favorável e a inflação sob controle, que atingiu uma prévia de 0,26% em junho.

Atualmente, a inflação oficial acumula 5,32% em doze meses, acima da meta do governo, com uma tolerância de 4,5%. O efeito da alta da taxa de juros na inflação costuma levar de seis a nove meses para se consolidar na economia, segundo o Banco Central.

Desempenho por categorias econômicas

Das quatro grandes categorias analisadas pelo IBGE, três apresentaram retrações em maio:

  • Bens de consumo duráveis: -2,9%
  • Bens de capital (máquinas e equipamentos): -2,1%
  • Bens de consumo semi e não duráveis: -1%

Já bens intermediários tiveram alta de 0,1%. A maior influência na queda dos bens de consumo duráveis foi a menor produção de automóveis, eletrodomésticos e motocicletas, reflexo do encarecimento do crédito, que impacta diretamente os setores que dependem de financiamento.

“Tem muito como pano de fundo a questão do crédito, impactando esses bens que dependem mais de empréstimos”, reforça Macedo.

Perspectivas futuras e cenário de curto prazo

A continuidade das altas de juros deve manter o ritmo de retração da indústria nos próximos meses. O Banco Central estima que o efeito da Selic na inflação e na atividade econômica seja sentido parcialmente, com resultados observados de seis a nove meses após as mudanças na política monetária. Assim, se a tendência de manutenção dos juros altos persistir, novos desafios para o setor industrial podem surgir no segundo semestre de 2025.

Fonte: Agência Brasil

Com informações do Jornal Diário do Povo

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