Governo Lula enfrenta crise no Congresso e muda slogan em 2026
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um cenário desafiador em sua relação com o Congresso, especialmente em meio às discussões sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A pressão crescente e o distanciamento do Centrão estão impactando a governabilidade e as pretensões do presidente para as eleições de 2026. Para contornar essa situação, o Palácio do Planalto retirou do ar o slogan “União e Reconstrução”, buscado enfatizar uma mensagem voltada para a “justiça social” que já vem sendo vocalizada por Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A crise com o Congresso e o distanciamento do Centrão
A relação entre Executivo e Legislativo passou por altos e baixos desde o início do atual mandato. No entanto, as recentes turbulências acentuaram a pressão sobre a gestão. A decisão do governo em judicializar a derrota imposta pelo Congresso durante a votação do IOF apenas aprofundou o mal-estar entre as partes. O Progressistas (PP), um partido fundamental do Centrão, já deu sinais de distanciamento ao formar uma federação com o União Brasil, que indicou três ministros em cargos chave.
Esse movimento não é isolado. Dirigentes do PP exigem a saída do ministro do Esporte, André Fufuca, e já manifestaram que estarão trabalhando para apoiar um candidato da centro-direita nas próximas eleições. A nova configuração partidária pode resultar em uma bancada de 112 deputados, a maior da Câmara, e 14 senadores, no que pode indicar um realinhamento político visando as eleições de 2026.
Reestruturação político-partidária e suas implicações
Entre os partidos do Centrão, há uma tendência visível de se afastar do governo Lula. O União Brasil, por exemplo, pode seguir um caminho semelhante, permitindo que seus filiados que desejam se alinhar a Lula o façam sem retaliações. Um indício disso é a menção à possibilidade de uma candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ou uma possível aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos aliados já mencionam nomes para compor uma chapa de oposição.
Diante desse cenário de alta tensão política, a nova estratégia do governo Lula de mudar seu slogan vem sendo discutida há semanas. O novo lema, que enfatiza justiça social, está alinhado com uma mudança significativa no tom da comunicação do presidente e seus ministros, que reconhecem a necessidade de um reposicionamento claro frente à queda nos índices de aprovação.
Nova estratégia: foco em justiça social e popular
A proposta é substituir o tom pacificador e conciliador por uma abordagem mais combativa, engajando-se em temas de forte apelo popular, como a justiça fiscal e a taxação de grandes fortunas. Desde a última semana, Lula intensificou suas declarações sobre a necessidade de equidade na taxação, afirmando que aqueles que ganham acima de meio milhão devem contribuir mais.
Nos círculos governamentais, a assessoria tem notado um esgotamento da narrativa de conciliação e, portanto, um reposicionamento é considerado essencial. O governo busca agora apresentar um discurso que reforce o apoio das bases sociais que sustentaram a eleição do petista nas últimas manifestações eleitorais.
Desafios com a bancada do agronegócio e outras críticas
Para além das disputas políticas internas, o governo enfrenta desafios adicionais com a bancada do agronegócio. Parlamentares dessa ala se sentiram menosprezados após a gestão não ter convidado oficialmente todos para o lançamento do Plano Safra, algo que o governo nega. Tais descontentamentos podem afetar ainda mais a relação entre o governo e setores fundamentais da economia.
Criticamente, muitos no Congresso ressaltam que o governo Lula tem adotado uma análise das contas públicas centrada no aumento da arrecadação, sem oferecer medidas estruturais significativas e voltadas para o corte de gastos. Este sentimento é compartilhado entre diversos parlamentares que criticam a falta de visão abrangente nas propostas governamentais. Em resposta, a liderança do governo tenta mostrar disposição para um diálogo e a consideração das prioridades do Executivo.
Com a desaprovação do governo atingindo 57% segundo pesquisa Quaest, as iniciativas recentes para reposicionar a comunicação do governo têm o objetivo de resgatar o espírito da campanha de 2022, reconectando Lula com suas bases sociais e buscando retomar a confiança popular.
Diante do cenário político turbulento e de um futuro incerto nas eleições de 2026, a gestão petista está se preparando para enfrentar as adversidades com uma nova abordagem que busca alinhar o governo com as preocupações sociais da população brasileira.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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