Bolsonaro em Goiás: alianças e tensões na política local e nacional

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está em Goiânia durante o feriado de Corpus Christi, onde se reuniu, nesta quinta-feira, com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Este encontro ocorre em um contexto de movimentações políticas em direção à eleição presidencial de 2026. Apesar da expectativa pela sucessão nacional, a conversa entre os dois líderes focou na disputa local, onde Caiado pretende eleger seu vice, Daniel Vilela (MDB), como próximo governador de Goiás.

Encontro histórico no Palácio das Esmeraldas

A reunião aconteceu no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, e marcou a primeira visita de Bolsonaro a Goiás desde a eleição de 2024, em que ambos estiveram em lados opostos e trocaram farpas. O clima do encontro, no entanto, pelo menos aparentemente mais ameno, refletiu a necessidade de articulações em nível estadual. Caiado, que busca se posicionar como uma das principais opções da direita para a presidência, não teria discutido diretamente questões nacionais com Bolsonaro, focando suas atenções no cenário local.

Desafios e conturbações no PL goiano

Com Bolsonaro inelegível por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as alianças dentro do PL goiano estão longe de ser unânimes. O plano de Caiado de apoiar a candidatura de Daniel Vilela ao governo estadual enfrenta resistência dentro do próprio partido. O núcleo bolsonarista mais fiel, que acompanhou o ex-presidente durante seu dia em Goiás, demonstra descontentamento com a possibilidade de aliança com o MDB.

Entre os aliados de Bolsonaro que acompanharam o ex-presidente estão o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e o senador Wilder Morais (PL-GO), este último presidente estadual do partido e possível postulante ao governo. A tensão no PL tem crescido, especialmente após declarações públicas que evidenciam divergências sobre a direção que o partido deve tomar no cenário eleitoral.

Alternativas e movimentações na corrida presidencial

Embora as movimentações em Goiás sejam importantes, a disputa pelo legado político de Bolsonaro no plano nacional continua a se intensificar. Além de Caiado, outros governadores, como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, também estão se posicionando para a corrida presidencial de 2026. Entretanto, o nome que tem ganhado força nos bastidores da política é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado o herdeiro político mais natural de Bolsonaro.

Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura, é visto como uma alternativa viável entre os possíveis sucessores do ex-presidente. No entanto, aliados próximos indicam que ele pode optar por manter sua candidatura até o último momento, com a possível intenção de apoiar um membro de sua família, como a ex-primeira-dama Michelle ou seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.

Crise interna no PL e divisões estratégicas

À medida que as movimentações políticas se intensificam, o PL de Goiás enfrenta uma crise interna que se agrava. A divisão dentro do partido aumenta, à medida que figuras influentes se posicionam em lados opostos em relação ao apoio à reeleição do grupo de Caiado. Um dos defensores dessa aproximação é o ex-deputado federal Major Vitor Hugo, que anteriormente liderou o governo Bolsonaro no Congresso. Sua participação em eventos relacionados ao ex-presidente tem sido esporádica, e sua ausência em algumas agendas tem sido interpretada como um sinal da crescente cisão dentro do PL.

A tensão chegou a um ponto crítico em maio, quando Vitor Hugo declarou que o PL estava próximo de selar apoio à candidatura de Daniel Vilela. A declaração irritou a ala ligada a Gayer, que defende uma candidatura própria ao governo estadual, encabeçada pelo senador Wilder Morais. A disputa entre Gayer e Vitor Hugo ganhou contornos públicos, culminando em ataques diretos na mídia, onde Gayer se mostrou contrário à influência de Vitor Hugo nas decisões partidárias.

Um futuro incerto na política goiana

Enquanto as possibilidades de alianças e candidaturas se desenrolam, o cenário em Goiás permanece incerto. Ambas as figuras em conflito, Gayer e Vitor Hugo, compartilham o desejo de concorrer ao Senado e permanecem próximas do ex-presidente, o que pode criar uma dinâmica interessante e desafiadora nas próximas eleições. O cenário político no estado reflete a complexidade e as tensões que permeiam a atual conjuntura nacional, onde o futuro político de Jair Bolsonaro e seus aliados continua em jogo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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