Banco Central eleva a Selic para 15% ao ano, maior nível desde 2006

Nesta quarta-feira, o Banco Central decidiu por unanimidade mais uma alta na taxa Selic, levando a juros básicos da economia brasileira para 15% ao ano. Esta foi a sétima elevação consecutiva desde setembro de 2024, e o maior patamar desde julho de 2006, em meio a uma inflação ainda acima da meta oficial de 3,0%.

Inflação persistente e decisão do Copom

Apesar de números recentes mais favoráveis, o BC reforçou que a inflação ainda se mantém acima do esperado. O índice oficial, o IPCA de maio, registrou alta de 0,26%, abaixo das expectativas, porém o acumulado de 12 meses continua em 5,32%, bem acima do limite superior da meta.

“O Copom decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, informou o Banco Central em comunicado oficial.

Perspectivas para pausa no ciclo de alta

O colegiado antecipou que deve interromper o ciclo de alta na próxima reunião, no final de julho, para avaliar os efeitos do aumento já realizado, que ainda impactarão a economia nos meses seguintes. A decisão de manter a taxa elevada por um período prolongado busca garantir a convergência da inflação à meta.

Segundo o BC, esse período será utilizado para “entender se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação”.

Contexto econômico e riscos externos

Apesar do cenário de aumento na Selic, o BC mantém cautela devido às incertezas no ambiente externo, como a política econômica dos Estados Unidos e tensões geopolíticas, principalmente no Oriente Médio. Além disso, a atividade econômica doméstica ainda apresenta certo dinamismo, mas com sinais de moderação.

De acordo com os dados, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre ficou abaixo do esperado, com crescimento de 1,4%, enquanto indicadores setoriais de abril mostram desaceleração. O BC também aprimorou suas projeções para a inflação de 2026, mantendo a expectativa de 3,6%, mas elevando a previsão para 2025 de 4,8% para 4,9%.

Expectativas e cenário futuro

As expectativas de inflação medido pelo Boletim Focus continuam distantes do objetivo do BC, mesmo com sinais de melhora. Para 2025, a previsão caiu de 5,53% para 5,25%, e para o final de 2026, de 4,51% para 4,50%. A autoridade monetária reforçou que seu foco principal é garantir a convergência da inflação à meta, em um cenário de expectativas pouco ancoradas.

“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, destacou o BC, indicando a necessidade de uma política monetária contracionista e prolongada.

O Comitê enfatizou ainda que continuará vigilante, podendo ajustar a política futura conforme a evolução dos dados econômicos. A estratégia visa evitar acomodação prematura e garantir que a inflação converja para a meta ao longo do horizonte relevante.

Para especialistas, a decisão de elevar a Selic para 15% foi uma medida prudente e alinhada ao cenário de risco atual, mesmo com previsão de pausa no ciclo de alta nos próximos meses. A expectativa é de que a inflação, embora persistente, continue sendo controlada com esse patamar de juros prolongado.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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