Unimed Ferj: nova proposta de transferência gera tensão e dúvidas

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) propôs nesta segunda-feira uma nova transferência de responsabilidade da carteira da Unimed Ferj, o que gerou uma reunião tensa de quase quatro horas com dirigentes das duas Unimeds na sede da agência, no Rio. Participaram também representantes do Ministério Público do Rio, do MPF e da Defensoria Pública Estadual.

O que está em jogo na transferência da carteira da Unimed Ferj

Atualmente, a Unimed do Brasil atua como representação institucional das cooperativas do Sistema Unimed, sem definir se assumirá a operação da carteira da Ferj ou se entregará a gestão a outra unidade do sistema. A ANS informou que o acordo não é uma transferência de carteira, mas um compartilhamento de risco, embora os detalhes operacionais ainda não estejam definidos pela Unimed do Brasil.

O diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, destacou que a Unimed do Brasil terá 20 dias para viabilizar a transição, seja por meio da Central Nacional Unimed (CNU) ou de alguma outra singulra. “Os beneficiários devem entender que esse é um processo, e que o atendimento deles será priorizado para evitar prejuízos, especialmente pelas dívidas acumuladas pela Ferj”, afirmou Damous ao GLOBO.

Como a crise levou à atual situação?

Essa tentativa de mudança ocorre um ano e meio após a migração dos usuários da antiga Unimed-Rio para a Unimed Ferj, que, inicialmente, atuava como entidade representativa. A crise financeira da Unimed-Rio, que durou mais de uma década, agravou a situação, levando médicos cooperados a relatar atrasos nos pagamentos, recusando atendimentos e deixando beneficiários sem cobertura.

Desde então, os problemas só aumentaram. A dívida da Unimed do Rio com médicos e hospitais supera R$ 2 bilhões, de acordo com a Associação de Hospitais do Estado do Rio (Aherj), embora essa quantia não esteja incluída no acordo de transição com a Unimed do Brasil, conforme Wadih Damous explicou.

Débitos e o impacto no atendimento

A situação financeira da Unimed-Rio também envolve dívidas tributárias, com um acordo recente que reduziu em 45% os valores de R$ 2,1 bilhões de débitos fiscais, além de parcelamentos de R$ 95 milhões em dívidas previdenciárias e R$ 355 milhões em outros débitos, que foram divididos em prazos de até 145 meses.

O impacto na assistência a cerca de 370 mil beneficiários é visível. Desde a migração, a rede credenciada sofreu reduções, com hospitais e clínicas suspendendo cobertura para usuários da Unimed Ferj. Recentemente, hospitais como D’Or, Pró-Cardíaco e Santa Lúcia deixaram de aceitar pacientes da operadora, agravando a crise.

Perspectivas para os próximos dias

Segundo Wadih Damous, a expectativa é de que a mudança seja concluída em até 20 dias, garantindo o atendimento aos beneficiários mesmo diante do impasse interno. A ANS reiterou que fará o possível para assegurar a assistência na transição, cuja definição operacional ainda está em braço da Unimed do Brasil.

O que levou a esse ponto?

O quadro de instabilidade se agravou após a saída de unidades da rede de hospitais da Unimed, além de dificuldades financeiras e de pagamento a profissionais de saúde. A saída da Oncoclínicas, atendendo cerca de 12 mil pacientes oncológicos, ilustra a crise. Usuários relataram problemas no atendimento e dificuldades na transferência para outros centros de referência.

Quanto a Unimed deve atualmente?

Não há um valor exato do débito com médicos, mas a Aherj estima que os títulos vencidos só com hospitais ultrapassam R$ 2 bilhões. A dívida da operadora com o governo é outro agravante: a Unimed Rio firmou, no mês passado, um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para pagar cerca de R$ 2,1 bilhões em tributos e dívidas previdenciárias, incluindo o Hospital da Unimed na Barra da Tijuca.

Qual o estado do atendimento aos usuários?

Os cerca de 370 mil beneficiários veem a rede credenciada encolher. Desde a migração, muitas clínicas e hospitais passaram a suspender o atendimento. Recentemente, hospitais renomados como Rede D’Or, Pró-Cardíaco e Santa Lúcia cessaram os atendimentos aos beneficiários da Ferj. A rede de atendimento se encontra sob forte tensão, e a saída da Oncoclínicas agravou ainda mais a crise.

Mais detalhes sobre essa situação podem ser acompanhados na matéria completa no GLOBO.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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