Um mês do tarifaco de Trump: impacto nas exportações brasileiras

Neste sábado (6/9), faz exatamente um mês desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, como carne bovina e café. Desde o anúncio, em julho, o Brasil tenta negociar condições melhores com a Casa Branca, sem sucesso até o momento. As medidas fazem parte de uma política de Trump que busca reduzir o déficit comercial dos EUA com o Brasil.

Impacto nas exportações brasileiras após um mês de tarifas

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC), as exportações brasileiras para os Estados Unidos em agosto caíram 18,5%, mês em que as tarifas entraram em vigor. Apesar da redução, os EUA permanecem como o segundo maior destino das vendas brasileiras, atrás da China, com saldo de US$ 1,2 bilhão na balança comercial.

Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, não é possível afirmar que a queda seja exclusivamente causada pelo tarifão, já que diversos fatores influenciam o comércio internacional. Ele destaca que a antecipação dos embarques de julho foi uma das razões para o recuo nas exportações naquele período.

Reações, respostas e alternativas do Brasil

Após o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tentou retomar o diálogo com os EUA, mas sem sucesso. Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a administração Trump não demonstra disposição para negociar, influenciada por uma articulação política interna, incluindo figuras como Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Como resposta, o governo Lula anunciou o Plano Brasil Soberano, uma medida provisória com ações de apoio às empresas afetadas. Entre as principais, estão compras governamentais de produtos que seriam exportados, linhas de crédito de R$ 30 bilhões e ampliação de programas de incentivo às exportações, como o Reintegra e o regime de drawback.

O que mudou no comércio brasileiro com as tarifas

Especialistas avaliam que, embora o comércio com os EUA apresente sinais de queda, outros mercados têm recebido uma fatia maior das exportações brasileiras como resposta às tarifas. Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, destaca que houve aumento de 31% nas vendas para a China e 43,8% para o México entre junho e agosto, em função do redirecionamento de negócios.

Por outro lado, o cenário de confiança das indústrias exportadoras também sofreu impacto. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial caiu de 50,2 para 45,6 pontos entre junho e agosto, indicando uma perda de otimismo no setor.

Previsões e desafios futuros

De acordo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o comércio brasileiro pode perder cerca de 320 mil empregos devido às tarifas, caso a situação não seja revertida. Ainda assim, há quem acredite que a adaptação dos países parceiros possa limitar os efeitos negativos.

Especialistas indicam que a relação comercial com os Estados Unidos deve se manter delicada enquanto o governo americano não abrir espaço para negociações. A instabilidade política, incluindo o julgamento de Jair Bolsonaro e sanções a ministros brasileiros, agrava ainda mais o cenário diplomático.

O futuro do comércio bilateral entre Brasil e EUA permanece incerto, enquanto o Brasil busca estratégias de proteção econômica e possibilidades de parcerias alternadas em outros mercados.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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