Trump e a pressão sobre países pela soberania na guerra comercial

Desde que Donald Trump retornou à Casa Branca em janeiro de 2025, a guerra comercial dos EUA tem impactado países do Brasil, México, Canadá e Colômbia, que enfrentam ameaças à sua soberania diante de ações tarifárias e diplomáticas americanas.

Política de tarifas e questionamentos à soberania

Trump utilizou tarifas, investigações comerciais e ameaças de força para pressionar países a atenderem suas demandas, colocando em xeque a independência política e econômica dessas nações.

Canadá e Panamá: ameaças à integridade territorial

O Canadá, após declarações de Trump sugerindo sua anexação como 51º estado, reforçou sua postura nacionalista sob o governo do primeiro-ministro Mark Carney. “Nosso país é soberano e continuará assim”, afirmou Carney, que negocia para evitar tarifas adicionais com os EUA.

O Panamá, por sua vez, foi um dos primeiros a sofrer a influência de Trump, especialmente no controle do Canal do Panamá. Apesar de resistir publicamente às pressões, o país permitiu eventual acesso prioritário às forças americanas e facilitou o uso do canal, sob ameaça de retaliações.

Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP, essas ações representam uma ameaça existencial à soberania, pois envolvem riscos de anexação ou intervenção militar.

México e Colômbia: resistência e pressões

O México reafirmou sua soberania, apesar de atender parcialmente a demandas americanas, como o aumento do efetivo militar na fronteira. A presidente Claudia Sheinbaum destacou: “O México não está subordinado a ninguém”.

Já a Colômbia enfrentou ameaças de tarifas de até 50% por resistir à colaboração em políticas migratórias. Gustavo Petro reagiu duramente, mas recuou após pressão diplomática, retomando acordos de deportação de migrantes.

Carolina Pavese, especialista em Relações Internacionais, explica que Trump tem a estratégia de “escalar para depois desescalar” as tensões, levando os países a cederem em condições econômicas piores do que antes do conflito.

O caso do Brasil e os desafios da soberania

O Brasil, último a ser alvo, enfrentou tarifas de até 50% sobre exportações, uma das maiores enfrentadas pelos americanos. A medida foi considerada uma afronta à soberania brasileira, levando o país a recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

O professor Vinicius Rodrigues Vieira observa que a política de Trump busca recuperar influência na América Latina, com os países da região resistindo a alinhamentos e mantendo uma postura cada vez mais nacionalista.

A disputa por influência e soberania deve continuar forte até as eleições de 2026, com possibilidade de intensificação caso candidatos opostos ao alinhamento com Trump venham ao poder, aponta Pavese.

Perspectivas de um cenário de tensões constantes

Especialistas afirmam que a estratégia de Trump de pressionar países com tarifas e ameaças busca reafirmar sua influência e enfraquecer a autonomia de nações como Brasil, México, Colômbia e Canadá, em um jogo de poder que tende a se estender até o próximo ciclo eleitoral.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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