Tarifas de Trump elevam preço das latas de alimentos e bebidas nos EUA

As tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump para o aço e o alumínio importados estão provocando um aumento nos custos de produção de latas para alimentos e bebidas nos Estados Unidos. Apesar de a Pacific Coast Producers, uma importante cooperativa de processamento de frutas, ainda não sentir esse impacto, prevê um acréscimo de até US$ 40 milhões no próximo pedido de latas revestidas de estanho diante do aumento dos preços desse material.

Impacto das tarifas no setor de embalagens

Mais de 80% do aço estanhado utilizado na fabricação de latas vem do exterior, enquanto cerca de 30% do alumínio usado, principalmente em embalagens de bebidas, é importado de países como Canadá, China e México. A medida do governo Trump dobrou as tarifas sobre o aço e aumentou em 10% as tarifas sobre o alumínio, elevando a tensão na cadeia produtiva, que já vinha sofrendo com a redução da capacidade de produção doméstica.

Aumento de preços e possíveis mudanças no mercado

Segundo Matt Strong, CEO da Pacific Coast Producers, os custos extras podem levar a um aumento de até US$ 0,10 por lata para os varejistas, que, por sua vez, podem repassar esse valor aos consumidores. “Não podemos absorver esses custos”, afirmou Strong, destacando que, mesmo assim, a cooperativa continuará utilizando latas de aço estanhado devido à sua relação de custo-benefício, que representa cerca de 30% dos custos de produção.

Dados do Bureau of Labor Statistics indicam que os preços das latas subiram 67% desde 2020, reflexo, principalmente, das tarifas elevadas. A disparada dos preços tem levado fabricantes de bebidas, como a Coca-Cola, a avaliarem alternativas de embalagens, incluindo garrafas plásticas. O CEO da Coca-Cola, James Quincey, admitiu a possibilidade de migração caso os preços do alumínio continuem a subir.

Reação e perspectivas do setor

Enquanto alguns fabricantes procuram alternativas, outros estão tentando proteger suas operações. Fred Matt, presidente da cervejaria Saranac Brewery, afirmou que, por ora, continuará usando latas, pois conseguiu garantir os preços antes do aumento das tarifas. Já Bill Butcher, fundador de uma pequena cervejaria, alertou que a alta dos custos pode desacelerar seus negócios, levando a uma possível mudança de embalagem.

Rick Huether, CEO da empresa de latas Personalizadas, afirmou que a volatilidade das tarifas cria caos na cadeia de suprimentos. “O dano colateral dessas tarifas é significativo. Não temos produção doméstica suficiente de aço estanhado”, criticou. Ele também alertou que, se os custos continuarem altos, haverá uma tendência de migração para embalagens alternativas, como plástico.

Consequências para o consumidor e o futuro do mercado

Especialistas destacam que, apesar da justificativa do governo para proteger a indústria nacional, as tarifas podem aumentar os preços finais ao consumidor, além de dificultar a competitividade contra produtos importados. Desaceleração na indústria de alimentos, aumento no valor das bebidas e mudanças na preferência por embalagens podem ser consequências de longo prazo.

O impacto das tarifas também se reflete na cadeia produce de aço e alumínio dos EUA, que vem encolhendo a cada ano. A Aluminum Association informa que, nas últimas duas décadas, o número de fundições de alumínio no país caiu de 24 para apenas 4, evidenciando o efeito negativo das tarifas na produção doméstica.

Para o setor, a esperança está na possibilidade de uma revisão nas políticas de tarifas, buscando uma solução que equilibre a proteção às indústrias nacionais e a sustentabilidade econômica das empresas que utilizam esses materiais.

Fonte: O Globo


Com informações do Jornal Diário do Povo

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