Tarifaço de Trump afeta exportações brasileiras e leva empresas a férias coletivas

O impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, continua a afetar significativamente as exportações de setores brasileiros, levando empresas a adotar medidas como férias coletivas e redução de funcionários. Os efeitos têm sido sentidos especialmente na indústria moveleira de Santa Catarina, onde a baixa nas encomendas dos EUA tem ocasionado paralisações temporárias.

Setores afetados pelo tarifaço de Trump

Na região de São Bento do Sul, no Norte de Santa Catarina, cerca de 7 mil trabalhadores atuam em 398 indústrias do polo moveleiro, entre elas 20 exportadoras. Segundo o sindicato da categoria, Siticom-SBS, aproximadamente 600 deles estão em férias coletivas devido à queda nas encomendas, principalmente por parte do mercado americano. Os dados indicam que, em 2024, as exportações do setor totalizaram US$ 123,4 milhões, dos quais US$ 77 milhões eram destinados aos EUA. No primeiro semestre de 2025, as vendas aos americanos somaram US$ 39,19 milhões.

Outras indústrias de madeira enfrentam cenário semelhante. As vendas externas do setor ao país atingiram US$ 1,6 bilhão no ano passado, com metade deste volume destinada ao mercado americano, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). Para as empresas, a pressão dos clientes e as tarifas elevadas reduzem a competitividade, levando a cortes de jornada e férias coletivas, sem, contudo, ainda promover demissões em massa.

Medidas de apoio do governo buscam mitigar os efeitos

O governo federal anunciou um pacote de socorro para as empresas afetadas pelo tarifaço, incluindo a suspensão temporária de tributos e liberação de crédito de exportação. Segundo informações, a intenção é que as medidas ajudem a driblar o impacto fiscal e mantenham os postos de trabalho. Além de créditos emergenciais via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), há expectativa de definição de condições de juros, prazos e limites nas próximas semanas, com uma linha de financiamento de até R$ 30 bilhões.

Entretanto, empresas como a Artefama, uma das principais exportadoras de móveis em Santa Catarina, optaram por antecipar as férias de 220 trabalhadores, metade de sua força de trabalho. A estratégia é manter a produção reduzida por um período de 15 dias, podendo ser estendido por mais 15, enquanto aguardam uma melhora no cenário internacional.

Desafios para a readequação de mercado

De acordo com Diego Bordignon, CEO da Artefama, a busca por novos mercados não é imediata, pois o tempo de adaptação leva cerca de seis meses para que novos clientes iniciem as compras. Por isso, a prioridade é aguardar uma resolução no conflito comercial, com esperança de negociações entre os governos. Caso não haja avanços, as empresas podem precisar ajustar o tamanho de suas operações e cortar empregos.

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Santa Catarina (Sindusmobil), Luiz Carlos Pimentel, reforça a necessidade de uma negociação entre Brasil e EUA para reduzir as tarifas, uma vez que a dependência do mercado americano ultrapassa 80% na produção local. O conjunto de ações governamentais tem oferecido algum fôlego, mas, na avaliação de empresários, a crise ainda exige medidas mais duradouras e negociadas bilateralmente.

Previsões e perspectivas para o setor

Especialistas alertam que a continuidade do tarifaço pode levar a cortes adicionais e até à redução de empregos na indústria de móveis e madeira. Enquanto isso, o governo trabalha para implementar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, com condições que ainda serão definidas na próxima semana, na tentativa de aliviar a crise. O cenário demanda paciência e esforços conjuntos para evitar uma desaceleração ainda maior na indústria brasileira de exportação.

Para mais detalhes sobre as ações governamentais e os impactos econômicos do tarifaço de Trump, acesse o site do Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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