Tarifa dos EUA para produtos brasileiros atinge 30,9% com tarifaço de Trump

A partir desta quarta-feira (6), a tarifa efetiva média cobrada pelas importações brasileiras nos Estados Unidos deve atingir 30,9%, o que representa um aumento de dez vezes em relação à tarifa média praticada pelo Brasil sobre produtos americanos, segundo cálculos do BTG Pactual. A medida foi iniciada pelo governo de Donald Trump para reforçar a pressão tarifária durante o período de tensões comerciais.

Impacto das tarifas nas relações comerciais Brasil-EUA

Os analistas do banco de investimentos afirmam que a tarifa média é 29,6 pontos percentuais superior ao valor atual de 1,3% praticado em 2024. O aumento considera tarifas setoriais, como aço, alumínio, automóveis e cobre, além da tarifa recíproca de 10% e a sobretaxa de 40%, que afeta mais de 50% da pauta exportadora brasileira para os EUA. Segundo o estudo, essa sobretaxa deve impactar o comércio bilateral nos próximos anos.

Tarifa efetiva sobre produtos americanos no Brasil

Enquanto isso, os produtos americanos importados pelo Brasil estão sujeitos a uma tarifa de entrada efetiva de 2,7%, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados de 2023. Essa tarifa é bem menor que os 11,2% de tarifa nominal assumidos pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). A CNI também considera a tarifa real, que inclui regimes aduaneiros especiais, reforçando a diferença na proteção comercial bilateral.

Previsões econômicas e impacto na balança comercial

O relatório do BTG Pactual estima que o impacto do tarifão na balança comercial brasileira será de 0,2% do PIB em 2025 e 0,4% em 2026. O aumento nas tarifas deve levar à redistribuição das exportações brasileiras, com parte delas sendo redirecionada a outros mercados ao longo dos próximos trimestres. Apesar de o impacto macroeconômico direto ser considerado limitado, os efeitos setoriais podem ser relevantes, especialmente em setores vulneráveis.

Perspectivas e possibilidades de negociação

De acordo com os analistas Iana Ferrão e Luiza Paparounis, a deterioração da percepção de risco pode aumentar os impactos indiretos, sobretudo em caso de escalada do conflito comercial. O banco Goldman Sachs estima que, em um cenário sem retaliação, as tarifas de Trump terão impacto negativo líquido de aproximadamente 0,25 ponto percentual do PIB brasileiro. No entanto, há espaço para negociações, com possibilidades de o Brasil obter exceções tarifárias para itens sem produção local ou que pressionem a inflação, como café, frutas tropicais e pescados.

“Declarações do secretário de Tesouro americano indicam a possibilidade de negociar novas isenções tarifárias”, comentam os analistas do BTG. Contudo, a recente prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro pode dificultar as tratativas com Washington no curto prazo, afirmam fontes próximas aos órgãos de negociação.

Para mais detalhes, acesse a reportagem completa.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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