Tarifa de Trump deve causar prejuízo de US$ 53 milhões ao setor do mel no Brasil

O setor de produção de mel no Brasil enfrenta perspectivas preocupantes após o anúncio de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo o mel. A Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) estima que o prejuízo pode alcançar US$ 53 milhões até o final de 2025, o equivalente a cerca de R$ 289 milhões na cotação atual do dólar. Os embarques diminuíram drasticamente, refletindo uma perdita de 50% no volume e uma redução de 30% no preço do produto.

Impacto na exportação e estratégias de resistência

Em julho, os embarques de mel brasileiro para os Estados Unidos já caíram pela metade, e a expectativa para agosto é de uma nova redução de até 80%, segundo Renato Azevedo, presidente da Abemel. Dados de 2024 indicam que 79% do mel exportado pelo Brasil seguiu para os EUA, o que evidencia a forte dependência do mercado norte-americano.

Para amenizar o impacto, o setor está pressionando o governo americano por meio de cartas enviadas por empresas de importação de mel, ressaltando que a produção de mel orgânico nos EUA é mínima, tornando a compra do produto brasileiro indispensável. Essas ações estão sendo coordenadas por parlamentares brasileiros, que também participaram de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Repercussões para os pequenos produtores e mercado interno

Um dos principais prejudicados pela tarifa são os pequenos produtores de mel, especialmente na agricultura familiar, que representa a maior parte da produção nacional. No Piauí, por exemplo, a safra 2024/25 foi menor devido à falta de chuvas, e o setor teme que a nova tarifa agrave ainda mais a crise.

Janete Dias, gerente da cooperativa Comapi, que reúne cerca de mil famílias produtoras, explica que a redução do preço do mel afetará diretamente a renda familiar. “Vai diminuir muito a renda e, sem renda, não há como manter a apicultura”, afirma. A gerente destaca a necessidade de buscar novos mercados, além de EUA, como Canadá e Alemanha, que representam respectivamente 11% e 6% das exportações brasileiras.

Internamente, o consumo de mel ainda é limitado, já que “não há cultura de consumo do mel no Brasil”, segundo Janete. Ela sugere expandir o uso do mel na alimentação escolar no Piauí, o que ajudaria a criar um canal de venda local, mas reconhece que essa medida isolada não resolve o problema da cadeia produtiva como um todo.

Perspectivas e desafios futuros

Com a imposição da tarifa, as empresas exportadoras, como a Minamel, já estão enfrentando estoque parado e negociações difíceis com importadores. Carlos Domingues, diretor da empresa, conta que o prejuízo já é real e que há preocupações de que a venda seja realizada a preços que não cobrem os custos, o que representaria uma tragédia para os produtores.

O setor espera que ações políticas e econômicas possam atenuar os efeitos dessa medida, incluindo linhas de crédito e esforços diplomáticos para reverter ou criar exceções na tarifa. Como os Estados Unidos são o principal mercado de exportação de mel brasileiro, a situação demanda atenção especial das autoridades brasileiras para evitar uma crise ainda maior na cadeia produtiva.

Mais informações podem ser acompanhadas no site do G1.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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