Tarifa de 50% dos EUA prejudica setor de nozes e frutas secas brasileiras

A aplicação de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros do setor de nozes, castanhas e frutas secas atingiu duramente as exportações brasileiras, que tiveram uma redução de 11,44% em agosto, em comparação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Para Patrício do Prado, vice-presidente da Associação Brasileira de Nozes e Castanhas (ABNC), a medida gerou “uma grande instabilidade jurídica”.

Impacto e perspectivas de recuperação das exportações

Apesar das negociações e do esforço para reverter a medida, Patrício afirmou que, mesmo que o governo americano revise a tarifa, o setor levará de dois a três anos para recuperar a confiança do mercado devido à incerteza contínua de novas mudanças. O impacto se reflete na redução das exportações para os Estados Unidos, que representam cerca de 30% do total brasileiro em 2024, com projeções de dobrar esse volume para 2025. Caso o comércio com os EUA cesse de forma permanente, a perda financeira do setor corresponderia a aproximadamente 15% das vendas externas brasileiras.

Medidas do setor e dificuldades na diversificação de mercados

Desde o anúncio da tarifa, a ABNC encaminhou ofícios ao Ministério da Agricultura, Secretaria de Comércio Exterior, Casa Civil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços solicitando apoio para ampliar a lista de produtos beneficiados pela isenção tarifária. Até o momento, não houve respostas concretas. Segundo Patrício, parte da produção, que normalmente seria destinada ao mercado americano, está sendo direcionada ao mercado interno, mas esse volume é insuficiente para absorver toda a oferta, representando cerca de 10% da produção nacional.

“Estamos falando de cerca de 10% da produção nacional. Tentamos negociar contratos com outros países até o fim de setembro. Depois disso, o Natal estará próximo, e as vendas só devem se normalizar em 2026”, explicou o vice-presidente da ABNC.

Diversificação e o perfil de produção no Brasil

O Brasil possui diferentes polos de produção de nozes e castanhas: o Rio Grande do Sul é referência na noz-pecã; São Paulo na macadâmia; o Ceará na castanha de caju; e a região amazônica concentra a castanha-do-brasil, produzida principalmente pelo extrativismo. Apesar de cultivadas em pomares, as nozes como pecã e macadâmia ainda dependem de plantações, enquanto as castanhas são majoritariamente coletadas na natureza.

Parte da produção destinada aos EUA está sendo redirecionada ao mercado interno, mas Patrício alertou que o volume é grande demais para ser absorvido pela economia doméstica. “Estamos falando de cerca de 10% da produção, e o impacto sobre empregos e renda na agricultura familiar é grave”, afirmou.

Repercussões econômicas e o papel do setor produtivo

Segundo Patrício, as medidas do governo para ajudar setores afetados, como compras governamentais e crédito emergencial, não têm sido suficientes. “Faltou uma atitude concreta de negociações exaustivas com os EUA e de uma força-tarefa para diversificação de mercados”, criticou. O setor emprega cerca de 15 mil pessoas, grande parte na agricultura familiar, onde a colheita ainda é bastante manual e emprega muita gente. Assim, há risco de demissões devido à perda de renda e emprego.

Entre os produtos afetados, apenas a castanha-do-brasil com casca foi incluída na lista de isenções tarifárias, uma decisão estratégica, segundo Patrício. “A castanha-do-brasil tem poucos fornecedores no mundo, e os EUA têm relações complicadas com vários deles, como Venezuela, Bolívia e Colômbia. Ao importar com casca, eles estimulam a industrialização local, criando empregos nos EUA”, explicou.

Por fim, o setor busca novas oportunidades no mercado internacional para minimizar os prejuízos causados pela tarifa e pela instabilidade nas exportações.

Para mais detalhes sobre as ações do setor e os desdobramentos da tarifa, acesse o artigo completo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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