Tarifa de 39% de Trump impulsiona instabilidade no mercado suíço
Nesta segunda-feira (4), o mercado de ações suíço deve registrar forte volatilidade após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa punitiva de 39% às importações do país. A medida foi divulgada na sexta-feira, durante o feriado do Dia Nacional da Suíça, sinalizando possíveis impactos que só serão sentidos após a retomada das negociações nesta semana.
Impacto da tarifa de Trump na Suíça e nos mercados globais
Apesar de o governo americano manter as taxas básicas inalteradas para vários parceiros comerciais, como Canadá e União Europeia, a Suíça foi atingida por uma das maiores tarifas impostas por Trump, devido ao seu papel como importante parceiro econômico. No ano passado, o país exportou mais de US$ 60 bilhões para os EUA, abrangendo produtos que vão desde relógios de luxo até medicamentos e café Nespresso.
Reação inicial do mercado suíço
Analistas, como Andreas Wosol, chefe de estratégias de ações europeias da Amundi SA, alertam que a primeira reação do mercado será negativa. “Mas o que importa é que Trump busca uma reação nas negociações, não uma aplicação definitiva da tarifa”, afirmou. Os investidores aguardam movimentos de aproximação para evitar uma deterioração maior na relação comercial.
Consequências no setor de luxo e ações de empresas suíças
Na sexta-feira, várias ações de empresas suíças listadas nos EUA sofreram recuos significativos. As ações do maior banco do país, UBS Group AG, caíram 1,8%, e as da Logitech International SA recuaram 3,5%. Recibos de depósito da Richemont, dona de marcas como Cartier, tiveram uma baixa de 2,5%, enquanto as ações da fabricante de relógios Watches of Switzerland caíram 6,8% na bolsa de Londres.
Segundo especialistas, a tarifa de 39% pode elevar os preços de relógios suíços de valor, como Rolex, em torno de 12% a 14%, o que impactará a demanda e a competitividade da indústria relojoeira. Como exemplo, Müller estima que um Rolex Submariner de US$ 9.500 teria um aumento de cerca de US$ 1.000 se a tarifa fosse repassada ao consumidor.
Contexto das negociações e desvantagens competitivas
De acordo com Daniel Kalt, do UBS Global Wealth Management, a tarifa cria uma desvantagem para os suíços, especialmente considerando que os países da União Europeia conseguiram negociar tarifas de apenas 15% com os EUA. Além disso, a desvalorização do dólar americano em relação ao franco suíço agrava a situação dos exportadores.
Holger Schmieding, economista-chefe do Berenberg, enfatiza que o cenário atual é um prévio às negociações finais, destacando que a tarifa de 39% será, provavelmente, um ponto de partida para futuras tratativas com a UE e outros parceiros.
Impactos adicionais e perspectiva futura
Especialistas alertam que a tarifa elevada prejudica até mesmo o setor de commodities de luxo, como relógios, que há anos simboliza riqueza, especialmente com o envolvimento de figuras públicas e membros da administração americana que ostentam esses relógios. Müller lembrou que Trump gosta de relógios suíços, o que torna a tarifa ainda mais simbólica e irritante para o país.
Além disso, há preocupação de que os aumentos de preços possam estimular o consumo antecipado de presentes natalinos nos EUA, o que, por sua vez, poderia gerar uma pequena antecipação na economia americana, apesar do clima de incerteza global.
Perspectivas para o setor farmacêutico
As empresas farmacêuticas suíças, como Novartis e Roche, também enfrentam pressões adicionais, com Trump enviando cartas exigindo redução de preços de medicamentos de marca. Isso aumenta a tensão no setor e reforça o senso de instabilidade em relação às negociações comerciais e tarifárias.
Para analistas, o cenário ainda é de incerteza, e as próximas semanas serão essenciais para entender se as tarifas serão uma tática de negociação ou um movimento final que pode afetar profundamente o comércio bilateral e a indústria de luxo da Suíça.
Fonte: O Globo
Com informações do Jornal Diário do Povo
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