Tarcísio e o ‘vale-tudo’ contra a MP na Câmara

Nesta terça-feira (8), a derrota do governo na Câmara dos Deputados, com a rejeição da medida provisória (MP) que corrigia injustiças no sistema tributário brasileiro, gerou forte repercussão política. Lideranças do Centrão articulavam para fortalecer o mandato do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, contra o peso político de oposição do PT, em um movimento considerado por analistas como uma verdadeira batalha de forças no Congresso.

Movimentações do Centrão e a atuação de Tarcísio

Partidos do Centrão, como PP, União Brasil e Republicanos, se mobilizaram intensamente para garantir influência nas negociações e tentar impedir a aprovação da MP. Segundo relatos de líderes, Tarcísio de Freitas atuou junto a deputados e presidentes de partidos aliados, numa tentativa de garantir a derrota da medida. O governador, por sua vez, negou ter participado diretamente do esforço.

Manobras e forte alinhamento partidário

De acordo com integrantes da base governista, Tarcísio alinhou-se com os presidentes do PP, Ciro Nogueira, do União Brasil, Antonio Rueda, e do Republicanos, Marcos Pereira. Estes partidos, que fecharam questão contra a MP, promoveram articulações para garantir votos contrários, o que culminou na derrota do governo por 251 votos contra 193.

“Tenho um estado para tocar. Esse assunto é do Congresso. A minha agenda aqui é superpesada”, afirmou Tarcísio ao ser questionado sobre sua participação na votação. Apesar disso, aliados apontam que o governador teria influenciado a estratégia para fortalecer a oposição ao projeto.

Repercussões e reações políticas

Após o resultado, parlamentares governistas mostraram-se desorientados, enquanto membros do Centrão comemoraram a vitória, registrando o momento com selfies e celulares apontados ao painel de votação. Líderes políticos relacionaram a derrota ao clima eleitoral que se vive no país, num momento em que o tema da disputa de 2026 se revela presente na pauta da política.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) alertou que o governo pode contingenciar até R$ 10 bilhões em emendas parlamentares em decorrência da rejeição da MP. Segundo o senador, o impacto na arrecadação é significativo.

Disputa entre partidos e o papel do presidente Lula

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, criticou a articulação do Congresso e atribuiu a derrota a uma batalha política partidária. “O Congresso tentou tirar dinheiro do povo para beneficiar os mais ricos”, afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou, afirmando que a rejeição da MP foi uma “derrota do povo brasileiro”, reforçando sua postura contra o aumento de impostos ao defender que a medida corrigia desigualdades fiscais no país. Mais detalhes na análise de Lula.

O ‘vale-tudo’ e a crise no governo

Segundo Bela Megale, colunista do O Globo, Tarcísio de Freitas teria referido que o governo Lula entrou na disputa de forma agressiva, numa estratégia de “vale-tudo” para impedir a aprovação da MP. O episódio evidencia as tensões internas no alinhamento político a poucos meses da eleição de 2026.

Durante o debate, ministros do governo, como André Fufuca (PP), Silvio Costa Filho (Republicanos) e Celso Sabino (União Brasil), se licenciaram dos cargos para participarem da votação, caracterizando a magnitude do embate político. Tarcísio alegou não ter envolvimento.

Porém, a derrota reafirma o cenário de dificuldades do Executivo frente à oposição, que ganhou força com o apoio de partidos que representam a maioria da bancada na Câmara. Análises apontam que o resultado expõe a fragilidade do governo e a influência cada vez maior do Centrão na articulação de alianças em Brasília.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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