Supermercados franceses vão boicotar produtos do Mercosul, criticando a rivalidade desleal
A quarta maior rede varejista francesa, Coopératives U, anunciou nesta terça-feira que seus supermercados irão boicotar produtos provenientes do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. A decisão foi motivada pela classificação do bloco sul-americano como “Shein da concorrência desleal”, em referências às táticas comerciais consideradas prejudiciais pelos franceses.
Contexto do boicote e o impasse no acordo UE/Mercosul
O anúncio ocorre em meio à disputa entre a França e a Comissão Europeia para impedir a assinatura do acordo de livre comércio entre os 27 países da UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Segundo Dominique Schelcher, presidente-executivo da Coopératives U, a postura reflete a preocupação com o impacto do pacto no setor agrícola francês.
“Não compraremos produtos da América do Sul enquanto houver produtos franceses equivalentes”, declarou Schelcher à rádio RMC. Ele reforçou que o bloco sul-americano está atuando como uma “Shein da concorrência desleal”, uma comparação com a gigante asiática do comércio eletrônico, devido às práticas consideradas injustas.
Medidas e receios dos agricultores franceses
O setor agrícola francês teme que o acordo facilite a entrada de carne, arroz, mel ou soja sul-americanos na Europa, prejudicando produtores locais. Em troca, os países europeus esperam exportar veículos e maquinário para o Mercosul.
Um dos principais pontos de divergência é o peso das normas e restrições em relação à produção agrícola. Schelcher argumenta que “quando se obriga os agricultores a seguir normas rigorosas, e produtos de fora vêm com menos exigências, isso configura uma forma de concorrência desleal”.
Reações políticas e o adiamento da votação
França solicita o adiamento da votação prevista para esta semana pelo Conselho da União Europeia, que analisaria o acordo firmado em dezembro, em Montevidéu. A votação foi adiada para 2026, após o presidente francês, Emmanuel Macron, reforçar sua oposição à assinatura do pacto nesta semana, por motivos de proteção aos agricultores do país.
Marine Le Pen, líder da ultradireita na França, pediu que o presidente declinasse o acordo, argumentando que “está em jogo a sobrevivência da nossa agricultura e, portanto, a soberania do nosso país”.
Outros impactos e protestos internos na França
Além da questão comercial, a França enfrenta protestos agrícolas contra a política de contenção da dermatose nodular, uma doença que leva ao sacrifício de todo rebanho bovino quando há um único caso positivo. Essas manifestações reforçam o clima de insatisfação que envolve o setor agrícola francês nesta fase.
Segundo fontes próximas ao governo, a assinatura do acordo está cada vez mais incerta, enquanto os obstáculos políticos e econômicos aumentam. A disputa ilustra o desafio de conciliar interesses comerciais e proteção das produções nacionais no cenário internacional.
Para mais detalhes, consulte o fonte original.
Com informações do Jornal Diário do Povo
Share this content:










Publicar comentário