Skaf volta à presidência da Fiesp em meio a desafios para a indústria brasileira
O empresário Paulo Skaf está previsto para reassumir a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em 1º de janeiro de 2026, após se eleito em uma chapa única com 99% dos votos válidos na semana passada. Aos 69 anos, Skaf retorna ao comando de uma das principais entidades de representação da indústria brasileira, onde comandou por 17 anos, entre 2004 e 2021, em um momento de importantes desafios econômicos e tecnológicos.
Desafios atuais e estratégias da nova gestão da Fiesp
Num contexto marcado por juros altos, que Skaf frequentemente busca reduzir, e pela chegada de tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, a nova gestão da entidade precisará atuar na defesa dos interesses do setor frente a um cenário de incertezas econômicas internacionais e domésticas.
Impacto do tarifão de Donald Trump na economia brasileira
Um dos grandes obstáculos será lidar com as consequências do tarifão imposto pelos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, que ainda causa efeitos imprevisíveis na exportação de bens manufaturados brasileiros para o principal mercado externo do país. “A Fiesp vai trabalhar pela construção de uma diplomacia empresarial forte, capaz de defender toda a cadeia produtiva nos seus mercados tradicionais e na conquista de novas oportunidades”, declarou Skaf após sua vitória.
Propostas para fortalecer a indústria
Além de buscar redução de tarifas, Skaf convidou Roberto Azevedo, ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), para assumir o Conselho de Relações Internacionais da Fiesp. O intuito é reforçar a atuação diplomática da entidade na defesa dos interesses comerciais brasileiros.
Também está na pauta a necessidade de melhorar a formação de mão de obra qualificada e preparar pequenas e médias empresas para a transformação digital, viabilizando a exploração de novos mercados e a maior competitividade, principalmente nos Estados Unidos. “Vamos priorizar a união de todos para enfrentar essa próxima década na indústria”, afirmou Skaf.
Perspectivas para a economia e a futura liderança da Fiesp
Ao lado de seu esforço constante para diminuir os juros — considerado por ele uma bandeira permanente —, Skaf criticou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) como uma medida que prejudica a economia brasileira. “Os governos precisam parar de gastar tanto”, disse, ressaltando a prioridade de redução dos gastos públicos.
Quando encerrar esse novo mandato, Skaf terá liderado a Fiesp por 21 anos na sede da Avenida Paulista. Ele substitui Josué Gomes da Silva, da Coteminas, cujo mandato terminou em dezembro de 2025, e que manteve uma gestão mais moderada, afastando-se de posições políticas explícitas. A relação entre os dois, no entanto, sempre foi marcada pelo apoio de Skaf à candidatura de Josué para assumir a entidade.
Contexto atual da indústria brasileira
A indústria de transformação brasileira vem perdendo participação no PIB, passando de 13,6% em 2013 para 10,8% em 2024, impulsionada por uma crescente saída de manufaturas do estado de São Paulo. Especialistas como o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Emerson Marçal, apontam que o momento exige elevado investimento em tecnologia, com destaque para a inteligência artificial, além de uma maior abertura comercial.
Para Marçal, o ambiente de negócios melhorou em relação a duas décadas atrás, com avanços na reforma tributária, mas o país ainda mantém tarifas elevadas de importação e uma economia pouco exposta à concorrência internacional, o que limita a competitividade do setor. Segundo ele, a assinatura de acordos comerciais é uma estratégia importante para ampliar o acesso a novos mercados internacionalmente.
Transformação digital e competitividade
Na visão de Skaf, a inovação tecnológica é fundamental para a revitalização da indústria brasileira. O crescimento do setor dependerá de ações que envolvam formação de mão de obra especializada e investimentos na transformação digital, especialmente para pequenas e médias empresas. “Não há espaço para pedir subsídios aos governos, mas podemos cobrar juros mais baixos, condizentes com o cenário internacional, para impulsionar essa modernização”, afirmou o empresário.
Mesmo diante de dificuldades, a perspectiva é de que a reforma tributária e a maior integração comercial possam proporcionar melhorias no ambiente de negócios, fortalecendo a indústria brasileira frente aos desafios atuais.
Para mais informações, acesse a matéria completa no site do Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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