Setor financeiro pede novas ações do BC após ataques ao sistema Pix

Após a implementação de medidas iniciais pelo Banco Central (BC) para reforçar a segurança do sistema financeiro contra crimes cibernéticos, integrantes do setor financeiro afirmam que novas ações serão essenciais para conter os golpes e reduzir seus impactos. Mesmo com as primeiras medidas, como limites para transações via Pix e restrições durante a noite, os bancos alertam para a necessidade de ações mais incisivas.

Reações às medidas do BC e incidentes recentes

Na última sexta-feira, o BC criou uma trava de R$ 15 mil para transações Pix ou TED realizadas por fintechs sem autorização, além de acelerar a autorização de instituições de pagamento e reforçar regras para provedores de tecnologia, considerados pilares vulneráveis. Contudo, mesmo com essas ações, os criminosos conseguiram driblar as barreiras impostas no fim de semana, fracionando remessas de R$ 10 mil e atingindo diversos clientes.

Segundo fontes próximas às instituições financeiras, nos últimos dias, foram desviados cerca de R$ 30 milhões por fraudes que envolveram duas empresas, embora sem prejuízo direto aos usuários finais. Ainda assim, os ataques recentes, que resultaram em roubos superiores a R$ 1,5 bilhão às firmas C&M Software e Sinqia, demonstram a persistência da vulnerabilidade do sistema.

Necessidade de ações mais contundentes, avalia setor

Executivos do setor financeiro avaliam que o BC entrou tardiamente na reação às ameaças cibernéticas, tendo uma resposta inicialmente considerada tímida diante do tamanho do problema. “O país enfrenta infiltrações de facções criminosas no sistema financeiro, o que coloca em risco a segurança pública”, comentou um interlocutor sob condição de reserva.

Debates e propostas em discussão

As sugestões do setor, que vêm sendo debatidas há algum tempo, ganharam maior evidência após o ataque à C&M Software. Entre as propostas estão a imposição de limites financeiros para operações noturnas, o uso de delay na conclusão de transferências de valores elevados e punições mais severas para contas usadas por criminosos, conhecidas como contas laranjas. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que o processo de aprimoramento é contínuo e que novas medidas devem ser anunciadas ainda neste ano.

Medidas adicionais e perspectivas futuras

As entidades financeiras defendem a reavaliação de limites noturnos no Pix, como uma estratégia para evitar fraudes, além de aprofundar ações contra contas laranjas, que atualmente podem continuar operando em outras plataformas financeiras. Uma das propostas é limitar a velocidade de transações de alto valor, introduzindo prazos de 30 minutos a duas horas para análise, o que poderia dificultar a ação rápida dos criminosos.

Gabriel Galípolo destacou que as ações até aqui são apenas o começo e que a continuidade do esforço inclui regulações sobre ativos virtuais e certificações para novas instituições financeiras, a serem implementadas ainda neste ano. Segundo a Febraban, limitar a velocidade de transmissão para valores elevados e ampliar o bloqueio de transações suspeitas em contas jurídicas seriam medidas efetivas para dificultar a pulverização de valores desviados.

Críticas e fortalezas do sistema

Especialistas do setor alegam que o BC poderia ter agido antes diante das ameaças crescentes. Ivo Mósca, diretor de Inovação da Febraban, sugeriu que limites noturnos no Pix, entre 22h e 6h, seriam uma medida importante para evitar novos ataques, garantindo que transações de emergência não sejam prejudicadas com limitações excessivas. “Nenhum país do mundo faz isso, e o Brasil precisa refletir sobre esse pioneirismo”, afirmou.

De acordo com o setor, a criação de punições mais severas contra contas utilizadas por criminosos e uma maior fiscalização da circulação de ativos virtuais seriam passos fundamentais para assegurar a integridade do sistema financeiro no médio prazo.

Compromisso do Banco Central

Gabriel Galípolo reforçou que o BC não considera o processo encerrado e que novos anúncios e regulamentações continuarão a ser feitos nas próximas semanas. “Este é um processo contínuo, que busca acompanhar o ritmo das ameaças do crime organizado”, afirmou. A entidade ressaltou ainda que continuará dialogando com o setor financeiro para fortalecer as ações de combate às fraudes.

Para mais detalhes sobre as medidas e casos recentes, confira a matéria completa no Fonte: O Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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