Setor de tecnologia registra retrocesso na igualdade de gênero, aponta estudo

A percepção de retrocesso na igualdade de gênero no setor de tecnologia aumentou entre as mulheres em 2024, de acordo com a sexta edição do relatório “State of Gender”, divulgado pelo programa de inclusão “Women in Tech”, do Web Summit. A pesquisa aponta que 60% das entrevistadas consideram que o cenário de diversidade piorou no último ano, uma mudança significativa em relação a 2023, quando 51% achavam que a situação estava melhorando.

Impacto da conjuntura global e redução de programas de diversidade

Segundo o estudo, a maioria das mulheres acredita que a regressão se deve à redução de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e à instabilidade global, que têm colocado as pautas de gênero em segundo plano. Uma entrevistada afirmou que “os clubes dos meninos estão de volta com toda a força”, refletindo a percepção de um movimento conservador na área.

Além disso, 61% discordam de que a indústria esteja adotando medidas eficazes para combater desigualdades de gênero. A instabilidade internacional, marcada por conflitos e crises políticas, tem limitado o financiamento de projetos voltados à capacitação feminina e à diversidade nas empresas de tecnologia.

Desafios persistentes apesar de maior confiança feminina

Mesmo com uma maior confiança no próprio potencial, muitas mulheres continuam enfrentando dificuldades no ambiente de trabalho. Elas relatam que o preconceito, a falta de representatividade em cargos de liderança e o desequilíbrio entre vida profissional e pessoal permanecem obstáculos antigos. Quase metade (49%) afirmou ter sofrido sexismo ou preconceito nos últimos 12 meses.

O machismo, na maioria das vezes, manifesta-se de forma implícita, como interrupções em reuniões, ideias ignoradas, reexplicações por colegas homens e dúvidas recorrentes sobre suas competências técnicas.

Maior esforço para provar o valor e dilemas pessoais

Mais de oito em cada dez mulheres (83%) sentem que precisam se esforçar mais do que os colegas para demonstrar seu valor, o maior índice dos últimos três anos. Paralelamente, 56,5% relatam dificuldades em equilibrar carreira e vida familiar, uma alta de sete pontos percentuais em relação ao ano anterior. Uma entrevistada anônima comentou que “se não estiver disposta a ficar até tarde no escritório por causa da família, não terá chances de promoção”.

Otimismo e o papel da tecnologia na inclusão

Apesar dos desafios, as mulheres demonstram otimismo quanto às possibilidades de a tecnologia promover maior inclusão. Segundo a pesquisa, 77% utilizam ferramentas de inteligência artificial diariamente, e 75% acreditam que IA e automação podem impulsionar mais criatividade, inclusão e equilíbrio na vida pessoal e profissional. Ainda assim, uma em cada quatro manifesta receio de que os vieses de gênero possam ser reforçados pelos avanços tecnológicos.

Perspectivas futuras e participação global

A pesquisa ouviu 671 participantes da comunidade “Women in Tech”, com respondentes da Europa, América do Norte, Ásia e África, com idades entre 18 e 74 anos, sendo a maioria entre 35 e 44 anos. Os resultados refletem o cenário preocupante, mas também o potencial de mudanças positivas impulsionadas pelo setor de tecnologia.

Para mais detalhes, consulte o relatório completo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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