Setor de aviação no Brasil atinge recorde de passageiros e enfrenta crise em aeroclubes
O setor aéreo no Brasil apresentou resultados expressivos em 2025, com 8,5 milhões de passageiros transportados em setembro, o melhor desempenho desde janeiro de 2000, conforme dados do governo federal. Além disso, o número de licenças emitidas para pilotos atingiu o maior patamar desde 1970, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Crescimento e expansão na aviação brasileira
Enquanto as companhias aéreas estrangeiras aceleram a expansão de rotas no Brasil, os voos domésticos também mostram sinais de alta demanda. Entidades como a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) destacam que o país possui cerca de 47 aeroclubes em funcionamento, formando aproximadamente 830 pilotos por ano.
Desafios enfrentados pelos aeroclubes
Apesar do crescimento geral, os aeroclubes — instituições sem fins lucrativos criadas na década de 1940 — têm enfrentado uma forte onda de despejos e dificuldades financeiras. Desde 2016, pelo menos 38 aeroclubes enfrentaram problemas legais, com 16 chegando ao fechamento, segundo levantamento realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
O declínio no número de aeroclubes é refletido na redução de sua quantidade ao longo das décadas: atualmente, operam 87, representando apenas 33% dos centros de instrução de aviação civil no Brasil. O número de instalações era ao menos o dobro há um século. Essas instituições também enfrentam dificuldades relacionadas à manutenção de seus espaços devido a mudanças nas regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Disputas judiciais e mudanças regulatórias
Disputas judiciais e mudanças nas regulações voltaram a impactar os aeroclubes. Um exemplo é o Aeroclube de São Paulo, fundado em 1931, que hoje enfrenta uma disputa judicial com a concessionária Pax Aeroportos pelo uso do Aeroporto Campo de Marte, na Zona Norte da capital paulista. O aeroporto foi concedido à iniciativa privada em 2023, e o aeroclube pode ser despejado após uma ação judicial.
Em outra região, o aeroclube de Marília, a 400 km da capital paulista, também vive situação semelhante. Administrado desde 2022 pela Rede Voa, o contrato de uso do aeroporto venceu em 2024, após o que iniciaram-se as ações de despejo. A disputa é acompanhada pelo legislativo local, que reconheceu o aeroclube como patrimônio cultural, embora o conflito continue na Justiça.
Perspectivas e necessidade de políticas públicas
Especialistas apontam que a falta de uma política pública estruturada para a formação de novos pilotos e manutenção das instalações é um dos maiores problemas do setor. Flávio Pires, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), afirma que muitas escolas de aviação sobreviveram com subsídios e que há uma carência de pilotos experientes, críticos à ausência de políticas de longo prazo.
O governo vem tentando ampliar o apoio ao setor, com a definição das condições de uma linha de financiamento de até R$ 10 bilhões para companhias aéreas (leia mais). No entanto, a disputa por propriedades de aeroclubes e a insegurança jurídica continuam dificultando o crescimento sustentável do setor.
Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo está agendada para o dia 13 de novembro, reunindo representantes de mais de 70 escolas e entidades de aviação do país, para discutir soluções e estratégias de preservação dessas instituições.
Segundo dados da entidade, o estado de São Paulo conta com 47 aeroclubes em operação, formando cerca de 830 pilotos anualmente. A continuidade dessas vagas e a própria sobrevivência desses centros dependem de ações que unam política pública, regulamentação e apoio financeiro adequado.
Para saber mais detalhes sobre a crise e os dados atuais, acesse o site do Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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