Relatório da PF aponta tentativas de blindagem política na Abin
Um relatório da Polícia Federal sobre a chamada “Abin paralela” revelou que dois oficiais de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tentaram buscar amparo político junto a parlamentares, como o senador Humberto Costa (PT-PE) e o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), em meio a investigações sobre comportamentos ilícitos de suas atuações. Os servidores Mateus Santos Gonçalves e Eriton Lincoln Torres Pompeu foram investigados por, supostamente, usarem credenciais da Abin para obter apoio político e se apresentarem como vítimas de perseguição.
A investigação e os servidores envolvidos
O documento da PF destaca que Mateus Santos Gonçalves e Eriton Lincoln Torres Pompeu fizeram contatos fora do escopo de suas funções na Abin, prometendo entregar documentos sigilosos a parlamentares. A Coordenação-Geral de Segurança Orgânica da Abin indicou que tais ações eram irregulares e que havia indícios de que os oficiais estavam se envolvendo em atividades não institucionais.
Suspeitas graves sobre os oficiais
Em fevereiro de 2023, ambos foram afastados de suas funções, mas Mateus retornou após a promoção de Alessandro Moretti a diretor-adjunto da Abin. Moretti é um dos investigados no caso da Abin paralela. De acordo com a PF, durante as reuniões com os parlamentares, os oficiais se apresentaram como pessoas perseguidas dentro da Abin, buscando apoio para evitar as consequências de suas ações.
Reuniões com parlamentares
O deputado José Guimarães, após ser procurado pela PF, afirmou não se lembrar dos nomes dos agentes e negou ter oferecido qualquer apoio político. Já o senador Humberto Costa confirmou que um servidor da Abin foi ao seu gabinete mas ressaltou que a demanda foi tratada como qualquer outra, sem qualquer desdobramento significativo.
Retorno à Abin e denúncias de omissão
Com a nova administração de Alessandro Moretti, Mateus foi reintegrado à Divisão de Relações Institucionais (DIVREL) e Eriton assumiu um cargo de assessor. Fortunato Pinto, o secretário de Planejamento e Gestão, onde Lincoln atuou como assessor, é mencionado como uma figura central nas investigações ligadas à Abin paralela, especialmente pela idealização de aquisições controversas, como a do software FirstMile.
Impasse nas investigações internas
A PF relatou que esforços para investigar os servidores foram suspensos e isso poderia indicar uma complacência da nova direção da Abin. A nota técnica da Corregedoria-Geral da Abin sugere a necessidade de averiguação sobre essa omissão, que não foi comunicada aos organismos adequados enquanto havia suspeitas claras de irregularidades.
Implicações políticas e a comunidade interna da Abin
Durante a investigação, a PF apontou que a blindagem política poderia ser parte de uma estratégia da Direção-Geral, por causa dos contatos que os servidores e suas famílias possuem dentro do Partido dos Trabalhadores. Isso levanta sérias questões sobre a integridade da Abin e as influências políticas que poderiam estar impactando as decisões administrativas na agência.
A situação expõe fraquezas no sistema de fiscalização da Abin, ao mesmo tempo em que traz à tona a complexidade e as nuances das relações entre inteligência, política e a autonomia institucional da agência. A continuidade dessas investigações é crucial para garantir a transparência e a responsabilidade na administração pública.
O caso da Abin paralela continua a gerar debate e alerta sobre a necessidade de uma supervisão mais rigorosa sobre as atividades de inteligência no Brasil, enfatizando a importância de se manter a legalidade e a ética em todas as esferas do governo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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