Recuperação judicial no agronegócio dispara 147% no terceiro trimestre, aponta Serasa

A situação financeira dos produtores rurais no Brasil complicou-se ainda mais no terceiro trimestre de 2025, com um aumento de 147,2% nos pedidos de recuperação judicial, segundo monitoramento divulgado nesta segunda-feira pela Serasa Experian. Os dados indicam um cenário desafiador para o setor, marcado por margens de lucro comprimidas e dificuldades econômicas sem precedentes.

Pressões financeiras e perspectiva agrícola em crise

De julho a setembro, foram registrados 628 pedidos de recuperação judicial no agronegócio, a maior quantidade desde o início da série histórica da Serasa, em 2021. Em relação ao mesmo período de 2024, o aumento foi de 140%, destacando a gravidade da crise financeira enfrentada pelo setor.

Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, descreveu o momento como “desafiador”, especialmente para produtores que estão há anos acumulando dívidas e não fizeram ajustes necessários para equilibrar suas finanças. “A crise não é pontual e exige ações estratégicas mais rigorosas”, afirmou.

Impactos de uma safra recorde e dificuldades de lucros

Apesar de mais uma safra recorde de grãos neste ano e projeções de uma colheita volumosa para 2025/2026, os lucros dos produtores seguem pressionados. Queda nos preços de commodities, alta de insumos e juros elevados, mesmo com subsídios governamentais, vêm reduzindo as margens de lucro desde a safra 2023/2024, resultando em desequilíbrios financeiros crescentes.

Conforme apontado pelo relatório da Serasa, esses fatores vêm formando uma bola de neve de dívidas acumuladas ao longo do tempo, dificultando a recuperação financeira do setor.

Pior para os produtores pessoas físicas

O monitoramento da Serasa também revelou que, no terceiro trimestre, houve um aumento de 140% nos pedidos de recuperação judicial por parte de produtores rurais pessoas físicas, totalizando 255 requisições — o maior volume desde 2021. Segundo o relatório, a maior parte dessas requisições foi feita por arrendatários ou grupos econômicos familiares, seguidos por grandes proprietários e pequenos produtores.

Entre as empresas agrícolas, foram 242 pedidos de recuperação judicial, o que representa um aumento de 163% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, fornecedores e prestadores de serviços do setor fizeram 131 pedidos, uma alta de 134%, indicando uma cadeia econômica cada vez mais fragilizada.

Requisições por segmentos e o cenário do comércio exterior

O segmento que mais buscou por recuperação judicial foi o de “Comércio atacadista de produtos agropecuários primários”, com 31 pedidos, seguido por “Indústria de processamento de agroderivados” (27 requisições), e “Agroindústria da transformação primária” (25).

Apesar do superávit de US$ 5,8 bilhões na balança comercial brasileira em novembro, as vendas para os Estados Unidos caíram 28%, o que reflete o cenário de dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor agroindustrial.

Perspectivas e desafios futuros

O relatório da Serasa evidencia que a crise no agronegócio deve continuar, com aumento das dificuldades financeiras e maior número de pedidos de recuperação judicial nos próximos meses. A necessidade de ajustes estratégicos, revisão de custos e reestruturações financeiras se tornam imprescindíveis para os produtores enfrentarem esse momento complicado.

Para mais detalhes, acesse a matéria completa da Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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