Quem é o filósofo Alasdair Macintyre?

Nasceu em Glasgow, na Escócia, em 1929, foi criado na Inglaterra e vive nos Estados Unidos desde a década de 1970. Sua atuação se estende pelas áreas da ética, da política, da sociologia e das ciências sociais, bem como pelo campo da literatura clássica grega e latina. Começou sua carreira tentando encontrar uma ética marxista que justificasse racionalmente a condenação do stalinismo, mas suas buscas o levaram a abandonar o marxismo por completo, bem como todo individualismo liberal moderno, e a abraçar a ética aristotélica. Seu livro After Virtue já um clássico, é produto dessa trajetória, no qual ele afirma que a sociedade contemporânea vive uma “cultura do emotivismo”, onde a retórica mora não tem preensão real na vida prática e é apenas usada para mascarar escolhas totalmente arbitrárias. Seus estudos foram responsáveis pela renovação do interesse acadêmico na ética aristotélica, ainda que MacIntyre venha se declarando tomista desde 1984.

De acordo com Marcelo Cabral mais de 2.300 anos depois, em 1981, Alasdair MacIntyre publica depois da Virtude (After Virtue), procurando estabelecer a filosofia moral da “virtude” não apenas como uma dentre várias outras filosofias morais possíveis (como a deontologia e o utilitarismo), mas como a única formulação capaz de fornecer uma estrutura moral que escape o emotivismo contemporâneo, que para MacIntyre é um dos trágicos resultados da modernidade. Para isso ele precisa fazer duas coisas: explicar o porquê, exatamente, os outros sistemas de filosofia moral fracassam em suas propostas e formulações e, então defender uma formulação de ética da virtude que não se restrinja a um conjunto particular de valores ou concepções de mundo. Em outras palavras, MacIntyr precisa demonstrar que existe uma certa tradição ao longo da história da filosofia moral que conecta diversas formulações distintas de “listas de virtudes”.

MacIntyre passa então a descrever a história da ética da virtude. Isso é essencial para o seu projeto, que quer demonstrar que embora em cada época tenham sido elaboradas diferentes “listas” do que conta, e do que não conta, com virtude, essas diferentes épocas e formulações estão unidas em uma certa tradição, que se desdobra e atualiza ao longo do tempo. Rápido resumo: ele começa com as “sociedades heroicas” gregas, onde a “contação de histórias” dos grandes heróis eram a maneira preferida de educação moral: histórias que demonstravam situações-limite onde os heróis precisavam realizar escolhas cruciais e, assim podem emular um tipo de vida que valeria a pena ser imitada. Fundamental era a compreensão de que cada pessoa ocupava um certo “lugar social”. Em outras palavras, a resposta à pergunta “para que serve a minha vida” era respondida pelo espaço social ocupado, e pela performance em desempenhar tal papel. Virtudes, nessa etapa, seriam as qualidades ou excelências requeridas para realizar bem o papel social, fundamental para que o tecido coletivo fosse preservado e propagado. Ficou com água na boca? Procure ler os livros deste nobre autor!

Por Josenildo Melo

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