Queda no preço da laranja e recuo nas exportações de suco em novembro
Os preços da laranja pagos pelas indústrias no mercado brasileiro diminuíram em novembro, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) da USP em Piracicaba. A caixa de 40,8 kg, que vinha sendo negociada em torno de R$ 50, caiu para aproximadamente R$ 45 na primeira semana do mês. A redução reflete a demanda externa mais lenta e o aumento na oferta de fruta destinada ao processamento, indicam os pesquisadores.
Impacto na cotação e na exportação de suco de laranja
Além da retração no preço da fruta in natura, as exportações brasileiras de suco também registraram queda em volume e receita. Entre julho e outubro de 2025, o setor exportou 283,2 mil toneladas de suco de laranja em equivalente concentrado, uma redução de 7,1% em relação ao mesmo período da temporada anterior. A receita obtida com os embarques caiu cerca de R$ 15%, totalizando US$ 751,3 milhões, conforme dados do Cepea.
Mudanças nos mercados de destino
Apesar do volume menor, houve uma mudança na composição dos destinos das exportações, com EUA e Europa mantendo volumes semelhantes. Pela primeira vez em anos, embarques para ambos os mercados representam aproximadamente 48% do volume total, destaca o Cepea. Os Estados Unidos tiveram aumento de 13% nas vendas, mesmo com a tarifa residual de 10%, o que demonstra a dependência do Brasil nesse mercado.
Por outro lado, a União Europeia, principal destino, apresentou retração de 8%, influenciada pela redução na demanda por preços elevados e pelos problemas de qualidade detectados na safra anterior. Segundo o Centro de Pesquisas, o enfraquecimento dos preços internacionais e a maior oferta global explicam a cooledada nas exportações, além do comportamento mais cauteloso dos compradores europeus.
Tarifas e estratégias do setor exportador
O setor de citricultura tem enfrentado desafios causados pelos tarifamentos impostos pelos Estados Unidos. A isenção da sobretaxa de 40% para o suco de laranja foi mantida, mas seus subprodutos, como óleos e farelo, continuam penalizados por tarifas de 50%. Especialistas do Cepea ressaltam a importância de acordos bilaterais para garantir a competitividade brasileira no mercado externo.
“O futuro do setor depende de inovação e conquista de novos mercados, pois as margens estão cada vez mais estreitas”, afirma o boletim do Cepea. A dependência dos EUA permanece elevada, embora a União Europeia apresente sinais de retração na demanda.
Perspectivas e incertezas para o setor
A safra 2024/25 foi a de menor volume de exportação de suco de laranja dos últimos quase 30 anos, porém com receita recorde de US$ 3,48 bilhões, um aumento de 28,4% em relação à temporada anterior. A produção nacional, ainda que turva, tem sustentado as embarques, apesar do impacto de tarifas elevadas e da influência do greening, uma doença altamente destrutiva que afeta a saúde das plantas, especialmente na região de Limeira, Avaré e Bebedouro.
O setor de citricultura permanece vigilante quanto ao potencial de aumento tarifário, avaliando os efeitos de uma possível elevação de até 50%, frente à atual produção e demanda internacional. A expectativa é que mecanismos de guerra comercial e novos acordos possam influenciar o desempenho futuro das exportações brasileiras de suco.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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