Queda da Taurus na Bolsa reflete impacto de tarifas e incertezas ao mercado
A Taurus, fabricante de armas brasileira com forte apelo político e ligação com o bolsonarismo, teve suas ações desvalorizadas em 21% na Bolsa desde o anúncio de tarifas de 50% pelos Estados Unidos. A medida, motivada por alegações de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, resultou na perda de mais de R$ 200 milhões em valor de mercado para a companhia.
Reação do mercado e impacto das tarifas
As ações da Taurus, que atingiram pico de mais de R$ 25 em 2021 devido à desregulamentação do setor na era Bolsonaro, atualmente operam na faixa de R$ 5,30, com uma avaliação de cerca de R$ 790 milhões na Bolsa. A maior parte do faturamento da empresa é oriunda de exportações, especialmente para os EUA, que compraram 1 milhão de armas em 2024, sendo 85% do total.
A redução nas vendas internas, agravada por mudanças regulatórias desde o início de 2023, também contribui para o cenário de dificuldades. A Taurus mantém uma fábrica na Geórgia, inaugurada em 2019, que responde por 28% da produção total. No primeiro trimestre, enquanto a produção no Brasil foi de 143 mil unidades, a planta americana entregou 55 mil.
Desafios diplomáticos e estratégias futuras
O CEO da Taurus, Salesio Nuhs, que também preside a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), se reunirá nesta quinta-feira em Brasília com o vice-presidente Geraldo Alckmin para tratar da ameaça das tarifas, que entrarão em vigor em agosto. Nuhs criticou as medidas, qualificando-as de “praticamente um embargo comercial” e de uma “tragédia do ponto de vista diplomático e econômico”.
O dirigente também tem buscado apoio do governador gaúcho, Eduardo Leite, para evitar o impacto mais severo dessas tarifas sobre a empresa. Recentemente, em entrevista a um site de São Leopoldo (RS), Nuhs comentou as possíveis consequências econômicas e diplomáticas do cenário atual.
Perspectivas de expansão e mercado internacional
Com o mercado americano apresentando sinais de desaceleração e incertezas econômicas, que têm afetado as vendas da Taurus, a companhia busca diversificar suas operações. Uma das estratégias é explorar novos mercados por meio de acordos internacionais, como o potencial de aquisição da fabricante turca de armas Mertsav, anunciado neste mês com o objetivo de facilitar entrada na Arábia Saudita por meio de uma joint venture.
Em entrevista à Reuters, Nuhs afirmou que a aquisição pode abrir portas para o mercado árabe, trazendo novas oportunidades para a Taurus diante das dificuldades no mercado americano.
Perspectivas para o setor e cenário econômico
Especialistas indicam que a combinação de tarifas, incertezas econômicas e mudanças regulatórias prejudica o setor de armas brasileiro. Ainda assim, a busca por novos mercados e parcerias internacionais pode ser uma saída para tentar mitigar os impactos das tarifas impostas pelos EUA, mantendo a relevância da Taurus no cenário global.
O futuro da companhia dependerá, em parte, das negociações diplomáticas e das estratégias de expansão internacional adotadas pelo grupo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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