Prisão de Bolsonaro pode impactar negociações comerciais com os EUA

Com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes nesta quarta-feira (6), a situação se torna um obstáculo nas negociações entre Brasília e Washington para conter a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. O anúncio ocorre a poucos dias do início da aplicação dessas tarifas adicionais.

Impacto na expansão da lista de isenções do tarifaço

Segundo José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a prisão de Bolsonaro pode frear ou suspender as tentativas do governo e de empresários brasileiros de ampliar as isenções às tarifas. “Pode impactar o aumento da lista de produtos isentos, colocando esse movimento em suspenso”, afirmou. Ele lembrou que, até o momento, havia um esforço de reaproximação após declarações de líderes americanos, como Donald Trump, que sinalizou disposição de atender ao pedido do presidente Lula.

Recomenda-se cautela nas declarações oficiais

Castro destacou que, neste momento, é aconselhável que as autoridades mantenham cautela e evitem declarações públicas sobre a prisão de Bolsonaro. “É o momento de ficar quieto e aguardar o desdobramento dos acontecimentos. Trump age por impulso, como aconteceu nas tarifas de 10% e 50%”, afirmou.

Medida de Trump e a tarifa adicional

O republicano justificou o aumento de tarifas com o julgamento de Bolsonaro por golpe de estado, enquanto prepara uma sobretaxa de 40% sobre uma série de produtos brasileiros — além dos 10% já existentes desde abril. Após anunciar as tarifas de 50% em julho, Trump preparou uma lista de 694 itens fora da sobretaxa, incluindo suco de laranja e aviões da Embraer. Contudo, produtos essenciais como carnes e café permanecem de fora das isenções e continuam sujeitos a tarifas menores.

Perspectivas sobre o diálogo Brasil-EUA

Especialistas analisam que a prisão de Bolsonaro pode agravar o clima político e dificultar as negociações comerciais. Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, avalia que o episódio “pode acender ainda mais” o caráter político das tarifas norte-americanas. “Se as negociações não forem interrompidas temporariamente, pode haver um piora no diálogo”, comentou.

Velloni também destacou que a motivação de Trump é política, considerando o déficit comercial do Brasil com os EUA, e que a prisão deve fortalecer essa postura. “A prisão de Bolsonaro pode parecer uma retaliação de Moraes às sanções do governo americano”, acrescentou.

Reações e análises econômicas

Para Carlos Primo Braga, ex-diretor do Banco Mundial e professor na Fundação Dom Cabral, a prisão de Bolsonaro deve ter efeito limitado nas negociações. “Não creio que haverá mudanças substanciais por causa disso”, afirmou. Já Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, afirmou que a repercussão deve ser moderada, pois as tensões entre Bolsonaro e Moraes já existiam, sobretudo por questões relacionadas ao uso de tornozeleira eletrônica.

Previsões e próximos passos

Especialistas concordam que, apesar do momento delicado, a chance de que as negociações sejam significativamente afetadas é limitada. A expectativa é que o governo e o setor empresarial continuem buscando alternativas para evitar a sobretaxa, mesmo com o agravamento do cenário político. A resposta do governo americano, por sua vez, dependerá do desenrolar das investigações e da evolução da crise política no Brasil.

Para mais informações, acesse a matéria completa no Fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

Share this content:

Publicar comentário