Presidente do Panamá denuncia pressão dos EUA para limitar presença chinesa

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, denunciou nesta terça-feira pressões do governo dos Estados Unidos para reduzir a presença de empresas chinesas no país. Segundo Mulino, funcionários da embaixada americana ameaçaram retirar vistos de entrada de panamenhos que promovam investimentos chineses, aumentando a tensão nas relações diplomáticas.

Pressões e ameaças da diplomacia dos EUA

De acordo com Mulino, há informações de diversas fontes de que uma funcionária da embaixada americana estaria ameaçando cancelar vistos de funcionários panamenhos que incentivam a presença chinesa no território. “Eu tenho essa informação, de várias pessoas, de que há uma funcionária da embaixada ameaçando retirar vistos. Isso não é coerente com uma boa relação que espero manter com os Estados Unidos”, afirmou durante coletiva de imprensa.

Reação do presidente panamenho

Mulino destacou que, apesar da ameaça, o Panamá continuará mantendo suas relações diplomáticas com a China, país com o qual mantém acordos desde 2017, após romper com Taiwan. “Os contratos com empresas chinesas são conhecidos e poucos, mas não podem ser eliminados, mesmo com pressões externas”, afirmou o presidente.

Resposta dos Estados Unidos

Horas depois, o embaixador dos Estados Unidos no Panamá, Kevin Marino Cabrera, defendeu a política de revogação de vistos do Departamento de Estado, sem negar ou confirmar as ameaças reportadas por Mulino. “Revogamos e negamos vistos conforme nossas leis e regulamentos, independentemente da profissão ou posição no governo”, afirmou Cabrera em contato com a AFP.

Política de restrição de vistos e contexto histórico

Desde setembro, o Departamento de Estado norte-americano adotou uma nova política de restrições de vistos para centro-americanos que atuem em favor do Partido Comunista Chinês, reforçando o esforço de Washington em limitar a influência chinesa na região.

A presença chinesa no Panamá remonta ao século XIX, com a chegada de trabalhadores à ferrovia interoceânica. Desde a inauguração de relações diplomáticas com Pequim, o país tem recebido investimentos chineses em infraestrutura, como portos e pontes, fortalecendo laços econômicos e políticos.

Perspectivas para as relações bilaterais

O presidente Mulino reiterou que o Panamá busca manter o respeito mútuo nas relações internacionais, afirmando que o país não pode revogar contratos existentes com empresas chinesas, considerados essenciais para o desenvolvimento local. “Eu só aspiro ao respeito”, declarou.

A crise diplomática reflete o momento delicado entre Washington, Pequim e os países da América Central, diante das disputas por influência na região. Analistas afirmam que a situação pode gerar instabilidade nas relações diplomáticas e impactar projetos de cooperação futuros.

Fonte original

Com informações do Jornal Diário do Povo

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