PIB de agosto indica desaceleração, mas mercado mantém cautela sobre juros

A prévia do Produto Interno Bruto (PIB) de agosto, medida pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), apresentou alta de 0,4% frente a julho, abaixo das estimativas do mercado, que era de 0,7%. Este foi o primeiro resultado positivo após três meses de queda, reforçando o cenário de crescimento moderado para a economia brasileira.

Desempenho da economia e impacto nas projeções

Esperava-se que o resultado do terceiro trimestre fosse negativo, mas economistas já calculam um dado ligeiramente positivo, indicando resiliência diante do cenário de juros elevados. Segundo o economista Otto Nogami, professor do Insper, o dado de agosto deve aliviar a parte longa da curva de juros, mas não deve impactar imediatamente a Selic. “O Banco Central quer ver uma tendência mais clara de arrefecimento da atividade e da inflação antes de sinalizar mudanças mais relevantes”, explica Nogami.

Perspectivas para a política monetária e inflação

Apesar da melhora recente, há dúvida sobre a manutenção de juros altos por mais tempo. O professor Nogami avalia que, provavelmente, a Selic continuará elevada por mais algum tempo, dependendo dos próximos resultados do IPCA e de outros indicadores de inflação. “Se esses dados vierem benignos, o mercado pode antecipar cortes para 2026, permitindo ao Copom suavizar o ritmo de alta dos juros”, comenta.

O movimento de política monetária do Banco Central tem tido efeito sobre a inflação, que está dentro das projeções mais otimistas. Segundo o boletim Focus, as estimativas para o IPCA que, no fim do ano passado, estavam próximas de 6%, recuaram para 4,72%, quarto recuo consecutivo, com expectativas de atingir o teto da meta de 4,5% ao fim deste ano, conforme analistas.

Cenário de desaceleração setorial

Dados de setores da economia apontam para uma desaceleração em ritmo de atividade. A agropecuária caiu pelo sexto mês consecutivo, indústria cresceu após quatro meses de retrações, e os serviços permanecem praticamente estagnados desde maio, segundo análise de Luís Otávio Leal, da G5 Partners. O carrego estatístico para o terceiro trimestre, estimado em -0,8%, reforça essa tendência de desaceleração.

Impacto global e desempenho do PIB

Embora tenha surpreendido positivamente no início do ano, com bom desempenho do setor agropecuário, a economia brasileira tem desacelerado. Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro para 2,4%, valor abaixo do registrado no ano passado e inferior à estimativa de crescimento global de 3,2%.

O que esperar para os próximos meses

De acordo com Nogami, o mercado deverá ajustar suas expectativas de cortes de juros com base na combinação de dados. Caso os indicadores de inflação e atividade econômica continuem benignos, o Banco Central poderá reduzir o ritmo de elevação dos juros, mesmo diante da persistência da política de juros elevados por um período prolongado, como reforçou Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.

A estratégia do BC visa assegurar a convergência da inflação à meta de 3%, mantendo a taxa de juros suficiente para ancorar as expectativas e promover a desaceleração da atividade econômica sem prejudicar o crescimento. Segundo fontes do próprio banco, o nível atual de juros deve permanecer até que haja sinais claros de arrefecimento da inflação e da atividade.

Para mais detalhes, confira a análise completa em este artigo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

Share this content:

Publicar comentário