Petrobras anuncia retorno ao setor de distribuição de combustíveis

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (9) que seu Conselho de Administração aprovou o retorno ao setor de distribuição de combustíveis, alinhando-se à estratégia de atuar do poço ao posto. A decisão vem após a venda de ativos na área, incluindo a Liquigás, em 2021, durante o governo Bolsonaro.

Reversão de rota e planos de mercado

Segundo fontes, a iniciativa atende a pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem reclamado que as reduções de preços na refinaria não chegam às bombas. Com isso, a estatal pretende ampliar sua atuação, incluindo a venda de gasolina e diesel em postos de combustíveis, além de gás de botijão.

Planos de expansão na distribuição de gás de botijão

Atualmente, a Petrobras vende GLP apenas para distribuidoras. A companhia planeja retomar sua presença no segmento, por meio de aquisições ou parcerias, ainda no início de 2026, visando ampliar o mercado de gás de botijão.

Desafios e estratégias de negócios

O relançamento no setor de distribuição também busca maior inserção na venda direta ao consumidor final, mesmo com a restrição contratual de concorrência na venda de combustíveis — assinada durante a venda da BR Distribuidora para a Vibra, que vale até 2029. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou desejar “portas abertas” para essa atuação.

Ela destacou que a produção de gás está crescendo e que há potencial para sinergias, incluindo a venda de diesel e gás natural a grandes consumidores, como o agronegócio. A estratégia visa ainda a ampliar os negócios de baixo carbono e integrar as operações no Brasil e no mundo.

Perspectivas e impactos no mercado

Analistas avaliam que a movimentação da Petrobras pode pressionar os preços de combustíveis e gás, beneficiando consumidores. Segundo Vitor Sousa, da Genial Investimentos, a volta à distribuição poderia gerar redução de preços, embora reconheça que essa estratégia também possa estar atrelada a interesses políticos com vistas às eleições de 2026.

Por outro lado, especialistas como Felipe Feres, do escritório Mattos Filho, alertam que o retorno ao setor de distribuição de combustíveis exige grande infraestrutura, o que pode exigir parcerias ou aquisições, dificultando o processo, especialmente em um cenário de aumento de margem na revenda e alta de preços.

Reações e próximos passos

Magda Chambriard afirmou em teleconferência que a Petrobras deseja atuar em negócios rentáveis, respeitando as atuais limitações contratuais. Fernando Melgarejo, diretor financeiro, reforçou que a empresa cumprirá o compromisso de não competição com a Vibra.

Contudo, a movimentação da Petrobras tem causado reações no mercado e entre concorrentes, dado o histórico de margens elevadas na revenda de combustíveis — que, nos últimos anos, cresceram muito acima da inflação, segundo levantamento de Eric Gil Dantas,economista do Ibeps.

Desafios do setor de revenda e distribuição

Além do aumento de margens, a alta dos custos dos insumos, energia e pessoal tem pressionado o setor de revenda, que hoje apresenta uma margem bruta de cerca de 20%. A possível volta da Petrobras ao segmento de postos de combustíveis pode intensificar a concorrência e influenciar o mercado de combustíveis.

Para especialistas, o mais provável é uma disputa por mercado que poderá favorecer o consumidor final, desde que a estatal consiga superar os desafios de infraestrutura e regulamentação.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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