Paul Krugman, Nobel de Economia, participa de palestra na Fides Rio 2023

Paul Krugman, Nobel de Economia, em 2008, participou do segundo e último dia de debates da Fides 2023, maior evento de seguros da América Latina. O evento traz painéis com experts do mercado..

Confira abaixo as principais falas de Paul Krugman, Nobel de Economia, em 2008:

“Crescimento e PIB não devem ser os únicos objetivos das políticas. É preciso que as pessoas tenham uma vida decente”, disse, acrescentando: “Eu não diria que essas políticas estão claramente erradas. Não conheço os detalhes, mas acho que não é algo terrível o que está acontecendo no Brasil”.

Krugman: “Medidas para incentivar o consumo podem parecer um problema, mas às vezes são exatamente o que se precisa fazer”
“Não sou contra essas políticas, em princípio. Olhando as políticas brasileiras, principalmente a de distribuição de renda, acho que isso deve ser feito”, disse.

Krugman: “Medidas para incentivar o consumo podem parecer um problema, mas às vezes são exatamente o que se precisa fazer”
“Não sou contra essas políticas, em princípio. Olhando as políticas brasileiras, principalmente a de distribuição de renda, acho que isso deve ser feito”, disse.

Krugman: “Os números globais de crescimento serão afetados pela desaceleração chinesa, mas isso não será um problema a não ser para a própria China”

Krugman: “A China parou de publicar os números, o que não é uma maneira muito boa de se lidar com a situação”

Para Krugman, “aquele crescimento heroico da China chegou ao fim”. Segundo ele, como a China é um grande comprador de matérias-primas, essa desaceleração econômica, se torna um “problema” para grandes exportadores dessas commodities, como o Brasil. “Mas o Brasil não é somente isso”, ponderou, acrescentando ainda que outros grandes países, como a Índia, não estão em processo de desaceleração.

Krugman: “Há pelo menos uma década está claro que o modelo de crescimento chinês não é sustentável”
“Mas o governo ficou cobrindo o sol com a peneira, com esse setor de construção inchado. Fez com que a bolha do mercado imobiliário ocidental parecer uma bobagem. Agora, eles precisam incentivar o consumo, tem que mudar”, disse Krugman, na Fides. “A China parece não estar lidando com seus problemas tão bem como aconteceu com o Japão, onde também havia altas taxas de poupança.”

Krugman: “O Brasil sempre teve muitas altas de juros, inclusive em termos reais. Eu nunca entendi muito a razão”
“Nos EUA, muitas vezes os juros reais chegaram a zero, enquanto o Brasil sempre esteve do lado oposto. É um mistério. Mas mesmo nos EUA e na Europa, esses juros altos são uma preocupação maior do que eram antes pensando na sustentabilidade da dívida. É cedo para entrarmos em pânico porque ainda não sabemos. Mas se os juros ficarem altos por muito mais tempo, então vamos precisar pensar nisso.”

Krugman: “A economia chinesa foi construída para altas taxas de crescimento”
Segundo ele, mais de 40% do PIB da China precisa ser investido, apenas para se manter o pleno emprego. “A China conseguiu fazer isso por algum tempo, graças ao desenvolvimento tecnológico, acompanhando o Ocidente, e a migração das pessoas das áreas rurais para as urbanas. Mas hoje isso não é mais possível.”

Krugman: “As mudanças climáticas geram uma grande demanda de empréstimos para empresas e isso pode estar por trás da fortaleza contra a alta de juros”
“Há grandes gastos com construção civil e isso dobrou nos últimos meses. Estamos falando de trilhões de dólares de investimento verde nos EUA e, em menor escala, na Europa. Isso pode ser razão para que os Bancos Centrais mantenham os juros altos por mais tempo”, disse.

Krugman: “Não estou pronto para falar de corte de juros nos países do Norte porque não se observa enfraquecimento da atividade econômica”
“É difícil prever quando os juros voltarão a cair porque há muitas dúvidas sobre a defasagem da política monetária. Minha aposta é que em 2025 nós teremos que dizer que não houve mudanças fundamentais que levem a um ambiente de juros baixos, como tivemos em 2019. O mercado está apostando que ficaremos com juros altos por mais tempo”, disse.

Krugman: “Ter menor dívida em dólar fez o Brasil ser menos vulnerável à política monetária americana”

“Eu não critico o Fed por ter subido os juros”, diz Krugman, traçando paralelo entre o momento atual e os anos 70
“Não estamos vendo a mesma contração monetária necessária para controlar a inflação na década de 70, que gerou efeitos catastróficos em outros países, inclusive no Brasil. A gente costumava dizer que, quando os EUA espirram, a América Latina pega um resfriado. Mas não estamos vendo isso desta vez. Isso se deve à redução da dívida externa”, disse Krugman, na Fides.

Krugman: “Se as taxas de juros fossem tão danosas para a economia, teríamos observado uma recessão. E isso não aconteceu”
“Eu me preocupo com os investimentos. No mundo inteiro, as políticas monetárias rigorosas inibiram o investimento. No caso do Brasil, podemos traçar paralelos com os EUA, onde poderíamos ter tido juros mais baixos se tivéssemos políticas fiscais mais rigorosas. Não é difícil ver que a alta de impostos e cortes de gastos públicos poderiam amenizar o trabalho da política monetária. Mas isso não é realista”

Krugman: “A política monetária brasileira não é tão diferente da vista nos Estados Unidos ou na Europa”
“O Brasil não parece tão diferente desses outros países. Eu não acho que nenhum dos bancos centrais tiveram muitas alternativas diante da alta da inflação. Parecia que não era o resultado do aquecimento da economia. Mas, mesmo assim, se as economias não sofreram uma recessão com as taxas elevadas, isso parece sugerir que essa alta dos juros básicos era necessária”, disse.

Krugman: “Parece que a inflação quase foi resolvida, mas agora teremos o problema de taxas de juros persistentemente elevadas”
“O efeito desses juros ainda não se apresentou por completo, e os mercados estão interpretando que teremos queda das taxas antes do que imaginaríamos. Eu, pessoalmente, estou confuso. Não sei em que acreditar. Parece que os fatores subjacentes que mantiveram taxas baixas no passado ainda estão presentes.”

Krugman: “Estamos observando que a mudança climática, que poderia provocar desastres futuros hipotéticos, está trazendo desastres reais agora”
“Tudo o que vemos agora é só a ponta do iceberg. Não se trata de um problema hipotético, é algo concreto”, disse Krugman, na Fides. “A boa notícia é que a tecnologia pode nos ajudar a evitar esses desastres. Mas será que vamos conseguir fazer isso a tempo?”, questionou.

Krugman: “O fato das pessoas perderam a fé na queda dos juros não é algo muito bom”
“Quem tem títulos em carteira observa que o valor desses papéis está caindo. Tem também a questão dos governos que passam a ter problemas com seus orçamentos. Se houver grandes dificuldades financeiras por causa de juros elevados, então pode haver um problema econômico, que levaria à queda das taxas – e não por causa da inflação.”

Da Redação
Com informações do www.infomoney.com.br


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