Papa Francisco lidera relatório para reestruturação global de dívidas
Nesta sexta-feira, em Roma, será lançado um relatório elaborado por uma comissão liderada pelo Papa Francisco, que traz um plano prático para reformar o sistema financeiro internacional e combater crises de dívidas em países em desenvolvimento. O documento faz parte das ações do Ano Jubilar de 2025, dedicado ao perdão de dívidas, Justiça Social e sustentabilidade.
Plano de ação para enfrentar crises da dívida e do desenvolvimento
O relatório, criado por uma comissão de cerca de 30 economistas renomados, incluindo o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz e o ex-ministro da Economia da Argentina Martín Guzmán, busca evitar uma década perdida na história de países com altas dívidas soberanas. Guzmán afirma que a comissão apresenta um caminho prático e urgente para construir um sistema financeiro mais resiliente e eficiente, com responsabilidade compartilhada entre credores e devedores.
Responsabilidade compartilhada e reformas necessárias
Segundo Guzmán, a crise de dívida atual afeta mais de 50 países em desenvolvimento, levando à retirada de recursos essenciais para áreas como saúde, educação e infraestrutura. “A responsabilidade compartilhada é fundamental para soluções sustentáveis”, destacou Guzmán, que estará no Brasil em julho durante evento do Brics.
Stiglitz reforça que “há um consenso crescente de que o sistema atual de dívidas serve aos mercados financeiros e não às pessoas”, alertando para o risco de uma década perdida ou pior. O documento aponta que, hoje, 54 países gastam mais de 10% de suas receitas fiscais com juros, comprometendo o desenvolvimento.
Recomendações do relatório para uma economia mais justa e sustentável
- Reforma na reestruturação da dívida: Mudanças nas políticas de instituições multilaterais e legislações para acelerar acordos mais sustentáveis.
- Encerramento dos resgates a credores privados: Políticas que priorizem recuperações sustentáveis sem beneficiar excessivamente credores privados ou impor austeridade.
- Fortalecimento de políticas internas: Uso de regulações de contas de capital para criar ambientes mais estáveis e incentivar investimentos de longo prazo.
- Aumento da transparência: Implementação de políticas financeiras claras, apoiadas por ampla sociedade.
- Reforma nas finanças globais: Apoio a modelos que promovam financiamento voltado ao desenvolvimento sustentável, incluindo empréstimos de longo prazo.
O relatório também recomenda que reestruturações de dívida sejam suficientes para garantir sua sustentabilidade, evitando soluções temporárias que possam piorar a crise, além de apontar a necessidade de redução de valores principais da dívida em casos extremos.
Eventos internacionais e perspectivas futuras
As recomendações do estudo serão discutidas na 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Sevilha, na Espanha, e apresentadas na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e na Cúpula do G20, na África do Sul, ao longo deste ano.
Reformas e mudanças no cenário global
- Melhorar os processos de reestruturação da dívida, promovendo acordos mais rápidos e sustentáveis.
- Reformar políticas do FMI e bancos multilaterais para apoiar recuperações reais, não apenas resgates temporários.
- Desenvolver políticas internas que desencorajem fluxos financeiros instáveis.
- Aumentar a transparência nas práticas financeiras internacionais.
- Promover mudança nos modelos de financiamento global para impulsionar investimentos de longo prazo.
O Papa Leão XIV declarou em 2025 que “ainda vemos discórdia, violência, preconceito e um paradigma econômico que marginaliza os mais pobres”. A comissão, presidida por Stiglitz e composta por especialistas globais, reforça a urgência de ações concretas para um sistema de dívida mais justo e responsável.
Segundo Guzmán, reestruturações de dívida inadequadas podem aprofundar as crises, e é necessário que elas sejam tempestivas e efetivas para garantir a recuperação econômica mundial.
Fonte: O Globo
Com informações do Jornal Diário do Povo
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