Monitoramento de tremores no Piauí: tecnologia e segurança
No Piauí, mesmo com a baixa incidência de tremores significativos, o estado mantém um sistema de monitoramento que se destaca no Nordeste. Composto por dois sismógrafos situados nas cidades de Floriano e Pedro II, essa rede é coordenada pelo Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e cobre uma área mais ampla com 40 estações. O trabalho desses instrumentos é fundamental para garantir a segurança da população e a avaliação de possíveis efeitos sismológicos.
A recente atividade sísmica no Piauí
No último dia 16, as estações registraram um tremor de terra no município de Elesbão Veloso, às 13h14, com magnitude preliminar de 2.3 na escala Richter. Apesar do registro, o tremor foi de baixa intensidade e não causou percepção entre os moradores da região. O último tremor significativo antes disso ocorreu em 27 de outubro de 2024, em Domingos Mourão, com magnitude de 2.1, também não percebido amplamente pela população.
“As estações sismográficas têm um duplo propósito. Elas não apenas oferecem um manancial de dados para o LabSis avaliar as zonas sísmicas do Nordeste, mas também servem como um mecanismo de política pública de Defesa Civil”, explica Werton Costa, diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil Estadual. Segundo ele, os dados são essenciais para determinar a intensidade dos sismos e seus impactos potenciais sobre infraestruturas críticas, como barragens.
Histórico de tremores no estado
Entre 2020 e 2023, o Piauí registrou quatro eventos sísmicos, todos de baixa magnitude, com a reprodução de ocorrências como:
- 28/05/2023: Júlio Borges, às 01h52 – Magnitude 2.3
- 15/02/2021: Demerval Lobão, às 20h34 – Magnitude 2.1
- 10/06/2021: Oeiras, às 20h16 – Magnitude 2.5
- 08/11/2020: Altos, às 15h40 – Magnitude 2.3
Esses tremores, com magnitudes abaixo de 3.5, geralmente não são sentidos ou causam apenas danos mínimos, mas demonstram a importância do monitoramento contínuo. “É essencial que essas estações operem, mesmo em um estado com um histórico de baixa frequência de tremores como o Piauí. Elas ajudam não apenas a identificar atividades locais, mas também tremores em outras partes do Brasil”, ressalta Eduardo Menezes, geofísico do LabSis.
A importância do LabSis e da colaboração interinstitucional
O LabSis desenvolve pesquisas em geofísica, aproveitando dados sismológicos para entender melhor a estrutura da Terra e estudar fenômenos naturais, como terremotos. Para isso, o laboratório conta com parcerias valiosas com diversas entidades, incluindo Petrobras e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN).
A maioria das atividades sísmicas no Piauí é atribuída a falhas geológicas que se ativam devido a esforços de pressão no interior da Terra. Os tremores são mais frequente na região do Cristalino, na borda com estados como Ceará e Bahia, e, por serem de baixa magnitude, não costumam ameaçar edificações. “Monitorações contínuas são cruciais, pois nos permitem tomar providências adequadas para a população”, completa Costa.
A tecnologia por trás do monitoramento
Os sismógrafos da rede têm um alcance para detectar tremores a distâncias de até mil quilômetros e podem identificar tremores secundários. Funcionam com base em princípios de inércia e sensibilidade a vibrações. Atualmente, a rede de monitoramento sísmico no Brasil abrange entre 80 a 100 estações, com a administração concentrada em instituições como a USP e a UnB.
Enquanto o Brasil está situado no centro da placa tectônica sul-americana, o país não sofre com a frequência de tremores devastadores. O sistema de monitoramento estabelecido no Piauí é uma prova de que, mesmo em regiões com menores taxas de atividade sísmica, o monitoramento e a prevenção continuam sendo essenciais para a segurança da população.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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