Mercosul firma acordo de livre comércio com EFTA, ampliando relações com Europa

Os países do Mercosul concluíram nesta quarta-feira (2) as negociações de um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. O entendimento, negociado desde 2017, abrirá acessos preferenciais aos mercados europeus, que somam um PIB de mais de US$ 4,3 trilhões e uma população de aproximadamente 290 milhões de pessoas. Entre os benefícios está a redução do preço do chocolate suíço nos países do Mercosul, com uma cota com imposto zero.

Principais vantagens para o comércio do Mercosul com a EFTA

Hoje, o chocolate suíço paga 20% de imposto para entrar nos países do bloco. Com o acordo, uma cota anual de 3 mil toneladas de carne bovina brasileira será livre de tarifas na Suíça, onde, atualmente, é aplicada uma tarifa de 94 a 109 francos suíços por 100 quilos exportados. Em 2024, as exportações de carne bovina refrigerada do Mercosul para a Suíça foram de aproximadamente 30 toneladas, e de carne congelada, 542 quilos.

Eliminação de tarifas e ampliação de mercado

De acordo com o entendimento, a EFTA eliminará 100% das tarifas de importação dos setores industrial e pesqueiro no momento da entrada em vigor do acordo. Para os setores agrícola e industrial, será permitida uma livre circulação de quase 99% dos produtos exportados pelos países do Mercosul, com exceções específicas. Entre os produtos agrícolas, há previsão de acesso preferencial ou livre de tarifas para carnes, aves, milho, farelo de soja, frutas, café, bebidas alcoólicas, entre outros.

Impactos e próximas etapas

Segundo nota do Itamaraty, o acordo facilitará o aumento do comércio entre o Mercosul e a Europa, impulsionando a competitividade dos produtos brasileiros no continente europeu. O Brasil oferecerá liberação de aproximadamente 97% do valor das exportações para a EFTA em livre comércio, com o restante em regimes de desgravação parcial.

O entendimento agora passa por processos jurídicos e políticos, com previsão de assinatura até o final deste ano. Assim como o acordo com a União Europeia, que ainda aguarda assinatura, o acordo com a EFTA fortalece a presença do Mercosul em territórios econômicos estratégicos, numa conjuntura de aumento do protecionismo internacional.

Implicações para a economia e a política regional

De acordo com especialistas, o acordo reforça a estratégia do Mercosul de ampliar sua inserção comercial. Além disso, a assinatura do acordo com a UE, prevista para o final de 2025, deve potencializar os benefícios ao ampliar o acesso preferencial aos principais mercados europeus. A relação do bloco com a Europa, segundo fontes do governo brasileiro, busca manter um diálogo positivo em meio às tensões com os Estados Unidos, que têm adotado políticas protecionistas.

Na avaliação do ministro do Brasil, Fernando Haddad, a assinatura do acordo com a EFTA representa uma oportunidade de fortalecer a agenda econômica e de inserção internacional do Mercosul, além de contribuir para a estabilidade política regional. Haddad destacou ainda que o momento é favorável ao comércio bilateral, especialmente entre Brasil e Argentina, que também busca avançar em sua integração regional.

Com o avanço dessas negociações, o Mercosul busca reafirmar sua presença no cenário internacional, promovendo a diversificação de mercados e estimulando o crescimento econômico regional.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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