Manutenção da Selic em 15% afeta setores produtivos e eleva custos para o mercado imobiliário
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta semana manter a taxa Selic em 15%, principalmente devido às expectativas inflacionárias, o que gera impactos negativos em diferentes setores econômicos do Brasil. Especialistas alertam que a decisão mantém o ambiente de alta restrição de crédito e dificuldades para investimentos.
Setores produtivos seguem ressentidos pelos juros altos
Segundo nota da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a taxa de juros permanece em um dos níveis mais elevados do mundo, enquanto diversos indicadores indicam estagnação. “A manutenção de juros excessivamente elevados tem imposto custos significativos à economia brasileira, sobretudo à indústria, que depende de crédito acessível para investir, inovar, empregar e manter sua competitividade”, declarou a entidade.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também reforçou que o prolongamento dessa política de juros altos ameaça frear investimentos no setor. “Uma Selic de 15% por um ciclo longo traz desafios, porque o setor depende de financiamento de longo prazo, e esse custo torna muitos projetos inviáveis”, destacou Renato Correia, presidente da entidade. Segundo ele, a previsão de crescimento do segmento de construção para 2025 foi revisada de 2,3% para 1,3%.
Impactos no mercado imobiliário e nacessibilidade à moradia
De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), a manutenção da taxa Selic em 15% amplia o cenário de custos financeiros elevados, restringindo o acesso à moradia e dificultando novos empreendimentos. “Os juros elevados afastam milhares de famílias do sonho da casa própria e comprometem a viabilidade de novos projetos”, afirmou a entidade.
Estudo da ABRAINC revela que, nos últimos cinco anos, o aumento das taxas de juros eliminou cerca de 800 mil famílias do mercado de crédito para imóveis de R$ 500 mil, o que representa uma redução de 50% no público potencial. Cada ponto percentual de alta na Selic tende a excluir cerca de 160 mil famílias do financiamento habitacional.
Reações e perspectivas do setor econômico
Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), afirmou que a persistência da Selic em 15% mantém o ambiente de forte restrição econômica, prejudicando a capacidade das empresas de investir e financiar suas operações. “Com a Selic elevada por mais tempo, as empresas terão mais dificuldades para financiar capital de giro e investir em novos projetos”, alertou.
Já Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacou que a política monetária atual é prejudicial ao país. “A Selic tem freado a economia além do necessário, uma vez que a inflação está em trajetória de queda. Essa política de juros elevados traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e o bem-estar da população”, criticou, citando uma pesquisa da própria CNI, que aponta que 80% das indústrias consideram os juros elevados a principal dificuldade para obter crédito de curto prazo.
Futuro da política monetária e desafios do crédito
Especialistas apontam que a decisão de manter os juros elevados reforça o ambiente de restrição no crédito e limita o crescimento sustentável do mercado imobiliário e industrial. A expectativa é que novas mudanças na política de juros dependam do comportamento da inflação e dos indicadores econômicos nos próximos meses.
Para o setor produtivo, o principal desafio é superar o custo elevado de financiamento. “Se os juros permanecerem altos por mais tempo, o impacto negativo na geração de empregos, na produção e no investimento continuará a limitar a recuperação econômica”, concluiu Roscoe.
Mais detalhes sobre o cenário econômico atual podem ser acessados em este link.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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