Lula aposta na polarização dos EUA para evitar sanções de Trump

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensifica esforços para fortalecer alianças no Congresso dos Estados Unidos, utilizando a polarização política no país para tentar evitar novas sanções à soberania brasileira. Interlocutores próximos ao Palácio do Planalto afirmam que esse momento deve ser aproveitado para ampliar contatos com parlamentares opositores a Donald Trump, que enfrenta baixa popularidade nos EUA.

Crise política e influência estadunidense

Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF na última quinta-feira, a crise política se agravou, com ameaças e ataques ao Judiciário brasileiro. Trump reagiu à decisão classificando-a como “terrível”, enquanto o secretário de Estado, Marco Rubio, sinalizou que novas sanções podem ser impostas às autoridades brasileiras. Segundo Rubio, as relações Brasil-EUA estão no “ponto mais sombrio em dois séculos”.

Contatos diplomáticos e estratégias de negociação

Enquanto as portas da Casa Branca permanecem fechadas para o governo brasileiro, diplomatas de Lula continuam buscando diálogo não apenas com parlamentares do Partido Democrata, mas também com integrantes do chamado “caucus Brazil”. Trata-se de um grupo informal de deputados e senadores, de ambos os partidos, com interesse em temas relacionados ao Brasil.

Negociações sobre tarifas e sanções

Até o momento, as tratativas para flexibilizar a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, vigente desde o mês passado, vêm sofrendo obstáculos. Antes da condenação de Bolsonaro, a Casa Branca condicionava uma conversa à suspensão do processo contra o ex-presidente. Agora, com a prisão de Bolsonaro e a deterioração das relações, não há garantias do que os EUA farão a seguir. A expectativa é que novas sanções restritivas possam atingir ministros do STF, especialmente o relator do processo, Alexandre de Moraes.

Aliança com a oposição e resistência ao intervencionismo

Segundo diplomatas ouvidos pelo GLOBO, o governo Lula aposta na abertura ao diálogo por parte da oposição democrática para reforçar sua estratégia. Uma iniciativa comemorada em Brasília foi a carta de um grupo de deputados democratas americanos, publicada na última quinta-feira, na qual acusam Trump de usar a tarifa de 50% como uma arma para proteger Bolsonaro e manipular o processo judicial no Brasil. Os congressistas brasileiros defendem que os EUA deveriam apoiar o povo brasileiro, e não interferir nas instituições democráticas nacionais.

Perspectivas futuras

Especialistas avaliam que o momento de alta polarização nos EUA fornece uma oportunidade para o governo Lula tentar neutralizar possíveis sanções. No entanto, a situação permanece delicada, e a continuidade das ações diplomáticas será determinante para definir o curso das relações bilaterais nos próximos meses. A estratégia visa ainda conquistar apoio de aliados que estejam abertos ao diálogo diante do cenário de instabilidade internacional.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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