Inteligência artificial na medicina: avanços e limites

Profissionais da saúde, especialmente médicos, terão que aprender a integrar ferramentas de inteligência artificial (IA) em suas rotinas para aprimorar conhecimentos e manter atualizações. Segundo especialistas, em cinco anos a IA poderá atuar como uma assistente, ajudando na documentação e geração de hipóteses, mas a relação humana e o julgamento clínico permanecerão essenciais.

O papel da IA na assistência médica

Durante o evento Voices 2025, o professor Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, ressaltou que a tecnologia ainda está em fase inicial de implementação, acompanhada de cautela quanto à sua relação com a prática médica. Hoff afirmou que as ferramentas de IA ajudam na redução do tempo dedicado ao preenchimento de formulários e prontuários, porém, reforçou que o conhecimento clínico para validação de diagnósticos continuará sendo responsabilidade do profissional.

“A IA deve ser encarada como um auxiliar do médico, não um substituto”, destacou Hoff. Para ele, a responsabilidade legal permanece com o profissional, e erros de diagnóstico provenientes do uso da tecnologia são de inteira responsabilidade do médico que aceitar as respostas geradas.

Impactos da IA no atendimento e na pesquisa médica

Segundo Hoff, a aplicação cautelosa da IA pode permitir que profissionais dediquem mais tempo à humanização do atendimento, além de ampliar suas habilidades emocional e comunicacional. Ferramentas capazes de compreender a linguagem natural de pacientes já estão em desenvolvimento, possibilitando gerar notas clínicas e pedidos de exames com maior eficiência.

Além do uso clínico, a IA tem potencial para acelerar o desenvolvimento de novas terapias, especialmente em áreas como oncologia, cardiologia, endocrinologia, reumatologia e dermatologia. Hoff ressaltou que, no ambiente controlado, a tecnologia auxilia na aceleração dos testes clínicos, aumentando as chances de sucesso e reduzindo custos — atualmente, apenas 3% dos produtos farmacêuticos chegam ao mercado após o desenvolvimento.

Desafios e perspectivas para o setor público

Na saúde pública, Hoff destacou que o uso da IA já é possível em centros com infraestrutura digitalizada, como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e o Hospital das Clínicas da USP. No entanto, a integração de sistemas diferentes, a questão do financiamento e responsabilidades jurídicas representam desafios a serem resolvidos para ampliar a aplicação da tecnologia na gestão pública.

“Se os sistemas não conversarem entre si, o benefício da IA será limitado”, afirmou Hoff. Ele também alertou para a necessidade de atenção às questões jurídicas e de responsabilidade, que ainda não estão completamente esclarecidas.

Inovações e incertezas no horizonte da IA em saúde

O especialista afirmou que nem tudo na implementação da IA terá resultados efetivos, e que algumas questões podem surgir de forma inesperada. Hoff comparou o momento ao voo do 14 Bis, dizendo que “certamente nem tudo o que estamos falando vai acontecer, mas outras possibilidades que nem imaginamos hoje surgirão”.

Outra aplicação promissora citada por Hoff é a capacidade da IA de identificar populações com maior risco de determinadas doenças, potencializando ações preventivas e o rastreamento precoce. Isso certamente tornará os processos de pesquisa e intervenção mais ágeis e eficientes.

Para mais detalhes, acesse a fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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