Inflação com câmbio em baixa reforça estabilidade do IPCA-15 em 2025
O IPCA-15, indicador prévio da inflação oficial, encerrou 2025 com alta de 4,41%, dentro da margem de tolerância do Banco Central, que é de 3%, com variação de até 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, informou ontem o IBGE. Esse foi o primeiro ano sob o governo Lula em que o índice de um período de 12 meses ficou dentro dos limites estabelecidos pela nova regra de meta contínua, reforçando a estabilidade econômica do país.
Cenário de alívio na inflação de alimentos e impacto do câmbio
Segundo análises de economistas, a baixa nos preços de alimentos foi decisiva para a contenção da inflação, especialmente em um ano em que o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) a 15% ao ano — o maior patamar desde 2006 — com o objetivo de desacelerar a demanda e controlar os preços. Sem esse alívio, a inflação poderia ter ultrapassado a meta oficial.
“A desaceleração da inflação neste ano foi puxada principalmente por alimentos e pelo câmbio”, afirma Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos. A estabilidade do dólar, junto a uma safra agrícola favorável, contribuiu para preços mais comportados, explica ela.
Variações específicas e expectativas para 2026
Em dezembro, o IPCA-15 apresentou alta de 0,25%, impulsionada pelo aumento nos custos de transporte, como passagens aéreas (+12,71%) e transporte por aplicativo (+9%). Já os preços de alimentos e bebidas tiveram alta de 0,13%. A alimentação no domicílio, que compreende itens de mercado, caiu pelo sétimo mês consecutivo.
Ao longo do ano, a moradia foi o item que mais impactou a inflação, com alta de 6,69%, puxada pelo aumento na conta de luz. A alimentação no lar subiu 3,57%, sendo a segunda menor variação desde 2017. Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV, esses alimentos representam 18% da cesta de consumo, ajudando a conter a inflação geral.
Para 2026, as projeções indicam uma alta de cerca de 4,5% na alimentação em casa, valor abaixo da média de 7,7% registrada na última década. Contudo, fenômenos como La Niña, que pode enfraquecer as safras, e uma eventual valorização do dólar devido às eleições, podem pressionar os preços.
Perspectivas para setores agrícolas e de consumo
De acordo com Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, o preço do arroz, que caiu aproximadamente 27% neste ano, deve subir devido à redução da safra. As carnes, por sua vez, podem encerrar 2026 com aumentos de 8%, influenciadas pela oferta restrita e demanda externa aquecida. Outros itens como óleos, gorduras e café também poderão apresentar altas, embora o café, que subiu 41% em 2025, possa recuar até 20% no próximo ciclo.
Especialistas alertam que, apesar do bom desempenho agrícola e do câmbio mais estável, fatores como aumento de gastos públicos e a ampliação de benefícios sociais podem elevar a demanda e pressionar a inflação em 2026. Além disso, incertezas geopolíticas, incluindo a postura de países como os EUA, influenciam o cenário econômico nacional.
Impacto político e cenário eleitoral
O controle da inflação de alimentos é considerado essencial para a avaliação popular do governo e influencia o cenário eleitoral de 2026. Segundo levantamento do AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, embora o otimismo persista, a inflação voltou a influenciar negativamente a aprovação do governo, com expectativa de que a inflação de alimentos permaneça próxima ao teto da meta, em torno de 4,4%, no próximo ano.
“O alívio nos preços de alimentos ajuda a evitar desgaste político, especialmente neste ano eleitoral”, destaca Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio. Momentos anteriores, como 2021 e 2022, tiveram forte impacto na vitória de Lula, devido às altas de 8,24% e 13,23%, respectivamente.
Em evento no Palácio do Planalto, ontem, o presidente Lula afirmou que o ano termina bem, ressaltando a redução de preços de alimentos e o fortalecimento da economia, apesar de desafios globais e internos. Ele destacou que, embora o cenário seja mais favorável, o próximo ano deve apresentar dificuldades devido a fatores como clima e a política cambial.
Com informações de O Globo
Tags: Economia, Inflação, IPCA-15, Mercado agrícola, Política econômica
Com informações do Jornal Diário do Povo
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