Indústria brasileira mantém desaceleração com crescimento de 0,1% em outubro
O dado da Pesquisa Mensal da Indústria, divulgado nesta terça-feira pelo IBGE, revelou um aumento de apenas 0,1% na produção industrial em outubro, abaixo das expectativas do mercado e indicando uma fase de desaceleração do setor. A alta foi liderada pelo crescimento de 3,6% nas indústrias extrativas, impulsionado por petróleo, gás e mineração metálica. Sem esses segmentos, a indústria teria apresentado recuo, conforme avalia o economista Marcos Crivelaro, professor da Fundação Vanzolini.
Indústria brasileira oscila sem força própria
Segundo Crivelaro, a leitura de outubro reforça um padrão: a indústria do Brasil não está em crise, mas apresenta oscilações frequentes e depende cada vez mais de segmentos extrativos. Para um crescimento sustentável, seria necessário reativar investimentos, reduzir o custo de capital e fortalecer as cadeias de manufatura. Enquanto essas ações não acontecem, os números continuam positivos, porém insuficientes, avalia o especialista.
Desaceleração e estoques elevados preocupam setor
Stéfano Pacini, pesquisador do FGV Ibre, aponta que o nivel de atividade da indústria de transformação vem desacelerando desde meados do segundo trimestre. Em sua avaliação, o resultado de novembro da Sondagem da Indústria indica um cenário de maior acúmulo de estoques indesejados, refletido na queda acentuada do Nível de Utilização da Capacidade Instalada. Este indicador, que caiu 2,2 pontos em novembro, atingiu 79,7%, menor patamar desde março de 2023, sinalizando uma desaceleração mais aprofundada no setor.
Situação de superestocagem e demanda fraca
Dados segmentados mostram que 63,2% dos ramos operam com superestocagem, enquanto 68,4% avaliam a demanda atual, sobretudo a doméstica, como fraca. Desde junho de 2025, o uso das máquinas vem declinando, refletindo o ritmo lento de produção, especialmente em setores relevantes. Essa tendência aponta para um quadro de desaceleração contínua na indústria.
Reação pontual no consumo e cenário contraditório
Embora alguns bens duráveis tenham crescido 2,7% em outubro, impulsionados por veículos, eletrônicos e promoções de fim de ano, os bens semiduráveis e não duráveis — ligados ao consumo básico das famílias — apresentam uma queda acumulada de 2,5% no ano. O cenário macroeconômico é de inflação estabilizada, câmbio competitivo e juros altos, formando um ambiente favorável às exportações, porém desfavorável à manufatura, ao crédito e aos investimentos.
Dependência de commodities e perspectivas para o setor
De acordo com Crivelaro, a dependência estrutural de commodities se mantém elevada, com queda de 0,6% na indústria de transformação, que concentra os maiores valores agregados e empregos. O crescimento em 2025 deve ficar em torno de 0,2%, com expectativa de uma recuperação mais tímida no início de 2026, dependendo da diminuição dos juros e do câmbio. No entanto, ele alerta que esse cenário não configura uma virada de chave para o setor.
Luís Otávio Leal, economista do G5 Partners, reforça a percepção de desaceleração e acredita que, com a combinação de dólar desvalorizado e início da redução das taxas de juros, o setor pode registrar leve melhora no segundo trimestre de 2026, entre 0,5% e 0,8%. Ainda assim, essa evolução deve ser modesta e não alterar o cenário de estabilidade ou expansão limitada.
Para mais detalhes sobre as condições atuais da indústria, acesse o resultado da indústria de outubro.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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